Evento do TRT-8 exibe “Servidão” no Cine Líbero Luxardo
O documentário “Servidão”, roteirizado, produzido e dirigido por Renato Barbieri, foi exibido no Cine Líbero Luxardo em ação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP). O público prestigiou na manhã do dia 16 (quinta-feira) a produção que aborda o tema do trabalho escravo contemporâneo. O cineasta, conhecido pela direção do filme “Pureza” (2022), participou de roda de conversa na sequência.
A exibição foi encerrada com muitos aplausos pela plateia, formada principalmente por estudantes convidados, como os da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Graziela Moura Ribeiro, no bairro da Pedreira, em Belém.
Vanilce Fiel, professora de Filosofia, expressou a satisfação em ver os alunos participando de uma atividade enriquecedora. Ela diz que a parceria com o TRT-8 foi uma chance de ampliar os horizontes através de um filme impactante e com a chance de interagir com o diretor. A educadora espera que eles virem multiplicadores e que possam voltar ao espaço para assistir outros documentários. Além disso, “levar informações que as famílias não têm sobre o cinema e o Tribunal”, deseja.
A estudante de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA) Isabel Sousa destacou a difícil tarefa do documentário em abordar a temática, “ainda mais com a visão para a Amazônia do trabalho escravo contemporâneo rural. Foi arrebatador”, elogiou.
Roda - A conversa foi mediada pelo juiz do Trabalho Vanilson Rodrigues Fernandes, titular da vara de Xinguara, que também tem formação em Cinema. O magistrado diz que, apesar de um segmento da sociedade negar, o trabalho escravo existe e precisa ser denunciado. Ele acredita que produções como “Pureza” e “Servidão” servem para suscitar o debate “para educar as pessoas e para denunciar essa condição que ainda existe, que ainda impera num país tão rico como o Brasil e que, infelizmente, exclui parte de seus filhos do aproveitamento dessa riqueza”, lamenta.
Convidado da roda, o desembargador Paulo Isan Coimbra da Silva Júnior afirmou que “só vamos poder ser bem sucedidos enquanto sociedade, enquanto Judiciário e como Sistema de Justiça, quando formos compreendidos pela comunidade a que nós temos que servir”. Para esta missão, recursos como a linguagem cinematográfica têm força pedagógica “muito maior do que qualquer palestra ou grande discurso que se pudesse fazer. Assim, se aproxima da comunidade e faz a comunidade refletir um pouco sobre problemas que na verdade são dela”, observa.
Com 97 organizações apoiando formalmente a produção, o diretor afirma se tratar do maior arco institucional da história do cinema brasileiro. Ele destaca que o TRT-8 é um parceiro decisivo, inclusive na divulgação. Viajando o Brasil para lançamentos e debates sobre suas produções, ele conclui que o Sistema de Justiça do Trabalho é o setor mais articulado com o Cinema que já viu, com grande capacidade de mobilização. “De fazer acontecer esse tipo de coisas. Esses encontros que são tocantes e que geram reflexões profundas sobre o nosso país”, ressalta.
Falando sobre seu próximo trabalho, intitulado “A África Dentro da Gente”, o cineasta destaca a presença de muitos abolicionistas no segmento de juízes e desembargadores do Trabalho, especialmente mulheres. Ele adianta que, na próxima semana, estará novamente em Belém para nova atividade em parceria com o TRT-8, dessa vez com o filme “Pureza”.
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