TRT8 está próximo de alcançar sua independência de energia.
Pioneira em diversos aspectos, a Justiça do Trabalho da 8ª Região em breve será detentora do título de possuir a maior edificação do País - seja no campo público como privado - a utilizar energia solar no seu funcionamento.
Já sendo responsável pela maior geração de energia solar em prédio público do Brasil, o TRT8 (Pará e Amapá), se prepara para ter a maior edificação do País a utilizar a energia solar. Atualmente, o Fórum Trabalhista de Macapá contém 560 placas de energia solar instaladas em seu teto, que geram energia suficiente para suprir 25% do consumo total do prédio que abriga as oito Varas do Trabalho que atende moradores dos 16 municípios do estado. “Hoje, no Fórum de Macapá, geramos em torno de 21 mil kw/mês, isso representa uma economia de 8 mil reais mês. Estaríamos pagando, mensalmente, 8 mil reais a mais na conta do que nós pagamos se não tivéssemos este sistema de energia solar”, explicou o servidor Carlos Araújo, coordenador da Divisão de Engenharia do TRT8.
A energia elétrica é um item de despesa de grande impacto no orçamento de custeio da máquina administrativa da Justiça do Trabalho. Por isso, qualquer economia neste item impacta de forma contundente os gastos da instituição. Segundo o Coordenador da COFIN, Rodrigo Bezerra, "a energia elétrica está entre as três maiores despesas de custeio do tribunal com a sua estrutura física."
A partir da experiência exitosa desenvolvida em Macapá, a engenharia do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região passou a ser detentora de um conhecimento mais amplo sobre o uso dessa forma de energia renovável nas atividades da Justiça do Trabalho como um todo, dando inclusive apoio aos demais Regionais que querem implantar essa metodologia. Nesse sentido, segundo informações da Divisão de Engenharia do tribunal, já foi elaborado estudo para expansão do uso de placas solares em toda a 8ª Região.
Para Macapá, o projeto prevê a expansão da área de captação de energia solar, com a instalação de mais 720 módulos fotovoltaicos na cobertura do estacionamento, o que resultará na geração de mais 29 mil kW de energia. A previsão é que os 720 painéis entrem no sistema a partir de setembro de 2018 e, com isso, o Fórum trabalhista de Macapá alcance 90% do consumo de energia elétrica atendido pela energia solar. Importante ressaltar que, mesmo tendo capacidade para isso, o TRT8, por ser um órgão consumidor de energia, não pode ter 100% de sua demanda atendida por sua própria produção pois, segundo regulamentação do setor elétrico, se tiver produção maior do que a consumida, a instituição passa a ser geradora de energia, sendo necessário estar regulamentado de outra forma.
Para Belém, os estudos ainda estão em desenvolvimento, mas “tivemos uma primeira ideia de instalarmos as placas fotovoltaicas no prédio da Gaspar Viana, porém, infelizmente não recebemos a aprovação por parte do CSJT para a implantação deste sistema. Mas continuamos com os estudos sobre nossa capacidade e encontramos a seguinte diretriz: se concentrarmos a implantação de placas solares em apenas três prédios do TRT8 em Belém e zona metropolitana (Anexo V, arquivo da Manoel Evaristo e o Fórum de Ananindeua), conseguiríamos, por meio de crédito junto à concessionária, abater os custos de energia elétrica de praticamente todo regional no Estado do Pará. Temos as condições técnicas, climáticas e áreas para instalação das placas, porém ainda estamos desenvolvendo os estudos e dependemos de aprovação de órgãos reguladores. Se isso for aprovado, conseguiremos a nossa independência energética, e economizaremos algo em torno de 2 milhões anuais para os cofres públicos”, esclareceu o coordenador da divisão de Engenharia do TRT8.
O desembargador Sérgio Rocha, presidente da Comissão de Obras do TRT8, destacou que o tribunal tem direcionado esforços para a implantação de sistemas de gestão sustentáveis, e a captação de energia solar é um passo importante. “Estamos colocando grandes expectativas nesse projeto. Com ele estamos construindo um novo paradigma de sustentabilidade para a Justiça do Trabalho. O nosso compromisso é que os demais prédios da Justiça do Trabalho da 8ª Região tenham projetos de geração de energia solar. Assim, damos nossa contribuição para um mundo melhor e mais responsável”, declarou.
Diante dos resultados obtidos pelo TRT8 no uso da energia renovável e com a necessidade de ajustes orçamentários determinados pelo CSJT, a presidente do TRT8 e conselheira do CSJT, desembargadora Suzy Koury, esteve em reunião com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, Ministro Brito Pereira, levando a experiência do Regional, que poderá ser replicada em toda a Justiça do Trabalho. "A energia elétrica é um dos itens que mais consome nossa verba de custeio, e todos os TRTs estão lidando com a necessidade de ajuste de seus gastos, por isso levamos ao presidente do CSJT e do TST o conhecimento que temos aqui na 8ª Região com o uso de energia solar, para que possamos estudar conjuntamente as possibilidades de levarmos esta expertise para os outros tribunais do trabalho e, assim, conseguirmos reduzir consideravelmente os custos da Justiça do Trabalho com energia elétrica", reforçou a presidente.
Leia a entrevista completa com servidor Carlos Araújo - Coordenador da Divisão de Engenharia.
Como começou o interesse do TRT8 no investimento em energia solar?
“O nosso interesse em energia solar começou em função do custo da energia, especialmente em 2015 / 2016, no primeiro corte orçamentário que tivemos que fazer diversas reduções, e o terceiro maior custo fixo que temos é com gasto de energia elétrica. Associado a isso, os nossos técnicos apontaram que a energia no Pará e Amapá é uma das mais caras do Brasil, principalmente em função dos impostos. Assim, começamos a avaliar, elaboramos um estudo inicial para verificar a viabilidade de implantar o sistema de energia solar fotovoltaica no TRT8. Fizemos o primeiro estudo, muito incipiente ainda, mas ele já nos dava um direcionamento que era viável a implantação deste sistema. Levamos para a Presidência, e o desembargador Sérgio Rocha, presidente da época, determinou que continuássemos os estudos. Eles evoluíram e, associado a isso, foi a construção do prédio do Fórum Trabalhista de Macapá, então aproveitamos a construção dessa edificação, que já estava em andamento, e implementamos nele o sistema de energia solar na cobertura do prédio. Já tínhamos ele praticamente pronto e poderíamos implementar as placas sem comprometer o cronograma de entrega da obra. “
O projeto. “Fizemos um projeto, licitamos e foi um certame em que os maiores players do mercado brasileiro nesse setor participaram dessa licitação, que foi vencida por uma empresa de Manaus, que ganhou a concorrência nacional e fez a instalação de 560 módulos fotovoltaicos no teto do prédio. Eles estão lá há um ano e meio funcionando, sendo responsáveis por 20 a 30% do consumo do prédio. A variação é decorrente de uma relação que depende muito da natureza. Em períodos que você tem incidência solar maior, aqui na região amazônica, junho e julho, a produção é elevada. Em períodos mais chuvosos, o inverno amazônico, a produção reduz um pouco. Mas, mesmo nesses períodos, existe uma produção bastante relevante.”
Produção, uso e economia. “O Fórum Trabalhista de Macapá é o prédio público hoje com a maior geração de energia fotovoltaica do Brasil. Existem outras inciativas, inclusive antes da nossa, mas não com esta magnitude de energia. Hoje geramos em torno de 21 mil kW/mês, que nos proporciona uma economia de 8 mil reais. Estaríamos pagando, mensalmente, 8 mil reais a mais na conta do que nós pagamos hoje, se não tivéssemos este sistema que não acumula energia, chamado de bidirecional. Temos um aparelho chamado inversor, ele encerra como está o consumo de energia no prédio. A hora que está alto, pede toda a energia solar que estou gerando, soma com a da concessionária e fornece para o Prédio. Na hora que está baixo, que preciso de menos energia, essa energia é direcionada para o sistema, por meio da concessionária, através deste medidor, bidirecional. Este valor de energia que nós imputamos no sistema que gera o crédito de 8 mil reais. Ou seja, a partir do horário que diminui o funcionamento do Fórum, em torno de 15h, e nos finais de semana, praticamente tudo o que geramos é enviado para o sistema elétrico nacional, já que Macapá está interligado. “Investimento. “
A economia que conseguimos em Macapá tem estimativa anual em torno de cem mil reais. Nosso investimento para instalação do sistema foi em torno de novecentos e cinquenta mil reais. Em uma conta linear, em torno de 9 anos este investimento já é pago. Porém, estamos observando pelo analisador de energia que, pelos nossos cálculos, este prazo de 9 anos já está se pagando em 8.4 anos, porque o sistema está com uma eficiência maior do que tínhamos estimado em projeto. Podem ter basicamente duas explicações: a incidência solar está maior e consequentemente gera mais energia. E a outra que estamos tendo menos perdas. As perdas, que são inerentes ao processo, estão reduzidas nesta fase que o projeto está inserido.”
Expansão em Macapá. “Fizemos outra licitação, outro projeto, para implementar 720 módulos fotovoltaicos para a cobertura do estacionamento. Este processo está em andamento e irá gerar aproximadamente 29 mil kW de energia. Prevendo investir 2 milhões e meio, sendo 1 milhão e 200 mil relativos ao módulo fotovoltaico. Cabe uma ressalva, pois, diferente do prédio que já tinha uma estrutura pronta, teremos que preparar a estrutura do estacionamento para receber as placas. Cabe ressaltar que são 720 módulos, mas não serão todas as vagas que serão cobertas, pois foram escolhidos os pontos que são viáveis pela incidência solar. Então, atrás do prédio, que tem um grande sombreamento, não possuímos os critérios técnicos para a instalação. Atualmente, 65 % das vagas serão cobertos com as placas fotovoltaicas, nas outras teremos apenas telha de policarbonato normal, pois não seria economicamente justificável a instalação das placas. Já estamos com a empresa mobilizada para fazer a montagem dos módulos e a previsão é de que os 720 painéis entrem no sistema a partir de setembro deste ano. Com isso teremos mais de 90% do consumo do fórum atendido pela energia solar. Não podemos ter 100% pois não podemos ser geradores. Temos que ter uma produção um pouco menor do que consumimos, atendendo assim uma Resolução da Aneel. “
Expansão no Pará – “Outro estudo que estamos elaborando agora é a implantação do sistema fotovoltaico no Pará. Tivemos uma primeira ideia de instalação no prédio da Gaspar Viana, mas infelizmente o CSJT não aprovou ainda a implantação deste sistema lá. Hoje temos no Pará as unidades consumidoras em baixa tensão, que consomem aproximadamente 80 mil kW, o que dá uma conta em torno de 500 mil anual. Nosso estudo está na seguinte diretriz: se concentrarmos a instalação das placas em três prédios em Belém e zona metropolitana, sendo dois em Belém (depósito da Manuel Evaristo e Anexo V) e um em Ananindeua (Fórum ou arquivo), teríamos um investimento na ordem de três milhões de reais. Com esse investimento conseguiríamos produzir o equivalente à quase totalidade de energia que consumimos no Pará. Assim, o retorno seria mais rápido, em torno de 4 a 5 anos, pois o imposto do Pará ainda é maior do que no Amapá, e conseguiríamos crédito para abater energia de praticamente todo regional no estado do Pará. Isso significa não precisar ter custo com a energia, mas o projeto ainda está em estudo e depende de aprovação. Se instalarmos placas em todas as nossas unidades, poderíamos gerar energia e colocar no sistema nacional, mas, para isso, precisaríamos entrar na categoria de microgeradores. Temos as condições técnicas, climáticas e áreas de prédio para isso. Porém deveria existir uma mudança na legislação ou alguma espécie de consorcio do qual fossemos participantes, para que isso acontecesse.”
Qual a estimativa de tempo após conseguirmos aprovação para instalação em Belém para alcançarmos esta independência?
Com o know-how que adquirimos com estes projetos e a capacitação de nossos técnicos e engenheiros, acredito que em torno de um ano e meio conseguimos alcançar a independência energética no tribunal.
Saiba mais sobre a Energia Solar.
- Energia Solar no Brasil e no Mundo.
No Brasil a energia solar representa apenas 0,02% da produção, com estimativas de atingir 4% até 2024, segundo dados do Ministério de Minas e Energia.
Atualmente, apenas 1% da energia gerada no mundo provém das fontes de energias solares. Dentre os maiores produtores mundiais de energia solar estão: a Alemanha, a Itália, a Espanha, O Japão, os Estados Unidos.
A geração de energia fotovoltaica há muito tempo é vista como uma tecnologia de energia limpa e sustentável, que se baseia na fonte renovável de energia mais abundante e amplamente disponível no planeta - O SOL. O Brasil possui um potencial gigantesco para se aproveitar. O Mapa abaixo faz uma comparação dos valores de irradiação solar do Brasil e da Europa, permitindo enxergarmos que o nosso potencial é muito maior, no entanto, a Europa possui instalados mais de 106GW de energia fotovoltaica, enquanto o Brasil possui um pouco mais de 1GW instalado.
- O que é?
A energia solar é uma energia renovável obtida pela luz do sol, utilizada para o aquecimento de água (energia térmica) ou como fonte de energia elétrica. Assim como a energia eólica, é uma das formas limpas de produção de energia que mais crescem no mundo.
- Como Funciona a Energia Solar?
A energia solar é proveniente da luz do sol e obtida por meio de placas solares, que têm como função captar a energia luminosa e transformá-la em energia térmica ou elétrica. Além disso, esse tipo de energia pode ser obtido nas usinas solares compostas por inúmeros painéis que captam a energia do sol.
Vantagens
- É uma energia renovável, limpa e barata, pois o sol é uma fonte gratuita, ao contrário dos combustíveis fósseis que são um recurso altamente poluente e limitado, tornando-os progressivamente mais caros;
- Têm despertado o interesse de muitos pesquisadores, e quanto maior for o investimento em tecnologia mais barata ela se tornará;
- As usinas solares que utilizam a energia heliotérmica ou concentrada (CSP) podem armazenar o excedente de energia que não foi aproveitada e usá-la quando preciso;
- A possibilidade de instalação de painéis fotovoltaicos em regiões distantes ou isoladas;
- A pouca exigência necessidade de manutenção.
- Energia Solar Rende Mais que a Poupança
- A poupança rende em média 6% ao ano, a energia solar fotovoltaica retorna entre 8% e 18% ao ano.
Fontes: ASCOM8 e Toda Materia