Dia do Cão-guia: entenda a importância destes parceiros no auxílio a pessoas com deficiência visual
Hoje, dia 29 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Cão-guia, animal treinado especificamente para ajudar pessoas com deficiência visual a terem mais autonomia e se inserirem no meio social. No Brasil, esta data também é um símbolo de luta dos deficientes visuais por melhores condições para usufruir dos benefícios de possuir um animal especializado em guiá-los.
No Brasil, a Lei 11.126/05, conhecida como a Lei do Cão-guia, assegura a presença desses animais, acompanhados de seus treinadores ou tutores, em qualquer espaço público ou privado, incluindo meios de transporte e excluindo salas de cirurgias médicas. Por isso, eles se tornam grandes companheiros de deficientes visuais desde o momento em que eles se conhecem.
Atualmente , existem mais de 6 milhões de pessoas que possuem grandes dificuldades para enxergar ou são cegas no Brasil, demanda altíssima para os cerca de 200 cães aptos a guiar essas pessoas, segundo pesquisa do IBGE. Apesar da grande procura, o processo para adotar um desses animais é demorado e, na maioria das vezes, demanda um valo alto de investumento, visto que existem apenas 5 instituições especializadas no treinamento e adaptação do cão-guia e seu tutor.
Apesar da grande dificuldade, já é possível presenciar algumas histórias de pessoas que puderam ser acompanhadas por um cão-guia. É o caso de Luisa Leão, 30, técnica judiciária do Tribunal Regional da 8ª Região, que explicou a importância de sua companheira, Sheba, no seu dia-a-dia, sobretudo no Tribunal: “O trabalho de um cão-guia é essencialmente desviar de obstáculos (pessoas, placas, cadeiras etc) e nos avisar sobre aqueles dos quais não é possível desviar (escadas, portas, etc.). [...] Mesmo não sendo sua principal função, ela pode também aprender caminhos que fazemos com frequência. Apesar de eu conhecer bem o caminho pra minha sala, por exemplo, é incrível ver como ela aprende esse tipo de percurso e me leva por ele com facilidade.”
Sheba tem 10 anos e já está auxiliando a técnica judiciária do TRT8 há sete. Apesar de ter sido agraciada com o auxílio da labrador retriever, Luisa lamenta a complexidade para adotar um cão-guia hoje, sobretudo no Brasil: “Hoje vemos a dificuldade que as escolas (de cães-guia) brasileiras têm de conseguir apoio, inclusive financeiro, o que faz com que elas entreguem poucos cães por ano. Já as escolas americanas, por exemplo, entregam muitos cães. Muitos brasileiros têm buscado o acesso a cães-guia por meio de escolas estrangeiras, em função disso”, afirma.
E, após todas as dificuldades de adoção, Sheba foi muito bem recebida, tanto por Luisa, quanto pelos servidores do TRT8, que convivem diariamente com a dupla nos corredores do Tribunal. “O meu primeiro encontro com a Sheba foi emocionante! Ela entrou na sala pulando de alegria e veio imediatamente receber carinho. Já pude vislumbrar a energia e a personalidade marcante que ela tem. Eu costumo dizer que a Sheba geralmente tem a aprovação de 95% das pessoas, mas ela não se contenta e tenta conquistar os 5% que às vezes têm medo ou não são tão afeitos a animais. E posso dizer que na maioria das vezes ela conquista”, lembra a servidora.
A experiência de Luisa e Sheba é um exemplo da importância da adoção de cães-guia para o auxílio de deficientes, assim como do respeito da sociedade em geral para com os cães e seus tutores. Para tal, existe uma série de restrições no convívio com eles no cotidiano:
• Não toque e nem acaricie o cão-guia enquanto ele estiver trabalhando;
• Não ofereça alimentos;
• Se quiser interagir com o cão, solicite primeiro à pessoa que é seu tutor ou tutora;
• Se quiser oferecer ajuda, também se dirija a pessoa com deficiência visual;
O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região deseja aos cães e a seus tutores um Feliz dia Internacional do Cão-guia!