Dia Internacional da Mulher: uma luta pelo fim da discriminação de gêneros

TRT8 criou há dois anos o Comitê de Incentivo à Participação Feminina, formado por juízas, juiz, servidoras e servidores
Arte com imagem de três mulheres que marca as homenagens pelo Dia Internacional da Mulher
— Foto: ASCOM8

O dia 08 de março é uma data simbólica que representa um ato de resistência e tem a força da luta das mulheres pela equidade de gêneros. A Coordenadora da Comitê de Incentivo à Participação Feminina na Justiça do Trabalho da 8ª Região, juíza do Trabalho Léa Helena Pessôa dos Santos Sarmento, ressalta que a data é muito importante porque convida toda a sociedade a fazer reflexões sobre a prática, ainda tão usual, de discriminação de gênero, o que deve ser combatido por meio também de conscientização. "É uma data que, ao mesmo tempo que nos convida a refletir, nos provoca a nos posicionarmos por uma sociedade mais justa e igualitária para homens e mulheres, observando-se ainda as diferenças entre as mulheres, que sofrem, além do gênero, outros marcadores de opressão, como: raça, etnia e classe social", observa a magistrada.

Nesta quarta-feira, 09, a magistrada mediará uma roda de conversa promovida pela Escola Judicial do TRT8 com o tema: "O sistema de Justiça para as mulheres: dois anos no início da pandemia, o que mudou?". Ela conta que o evento irá trazer diálogo e reflexões sobre as alterações da vida das mulheres no sistema de justiça, dois anos após o início da pandemia. "Vamos conversar sobre o que mudou, o que deve continuar e como minimizar as dificuldades encontradas ao longo desses dois anos, inclusive nos aspectos físico, mental e emocional, na difícil arte de conciliar as necessidades familiares e as dificuldades impostas pela pandemia no ambiente de trabalho. Vamos conversar sobre valores que devem ser ressaltados nesses tempos difíceis: sororidade, empatia, solidariedade", detalha.

A magistrada avalia que a pandemia veio agravar os problemas já existentes, pois existiu uma sobrecarga de atribuições para as mulheres, o que culminou na tragédia da violência doméstica, em muitas situações. "As mulheres que dispunham de rede de apoio se viram desamparadas ao mesmo tempo que tiveram de continuar fazendo frente às necessidades do mercado de trabalho. Aquelas que já não dispunham de uma rede de apoio estruturado sofreram ainda mais, e muitas tiveram que sair dos seus empregos e das suas ocupações remuneradas para cuidar de filhos e familiares".

A coordenadora destaca que, com isso, nos deparamos com o aumento da vulnerabilidade social, da miséria e da pobreza. "Há de ser ressaltado que as mulheres são justamente as profissionais da área de saúde que também estavam na linha de frente contra o vírus da Covid -19. Enfim, as desigualdades já existentes foram escancaradas", reflete.

Quando questionada sobre como garantir respeito e dignidade para as mulheres em tempos tão sombrios. A juíza Léa Sarmento garante que na realidade nós "já temos o arcabouço constitucional, legal e inclusive internacional para garantir a dignidade das mulheres. Apenas falta colocar em prática. Pra isso, é necessário conscientizar a sociedade, ao mesmo tempo que o judiciário - bem como todo o sistema de justiça - deve combater, de forma enérgica, as injustiças provocadas pela discriminação de gênero. O dia de hoje serve para nos lembrar desse compromisso".

Para concluir, a magistrada fez o registro que a ODS 5 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU) foi "uma bandeira assumida pelo Judiciário, não apenas nos julgamentos que profere, mas também na sua atuação interna frente a todas as mulheres que integram o sistema de justiça: servidoras, juízas, advogadas, procuradoras, terceirizadas, estagiárias, partes, testemunhas. Enfim, muito já se caminhou mas ainda temos que concretizar a igualdade de gênero na nossa sociedade".