TRT-8 promove debate sobre Diversidade e o mundo do Trabalho
Diversidade, mundo do trabalho, racismo, equidade e inclusão foram temas abordados durante o seminário promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região na manhã da última sexta-feira, 06, no formato híbrido, ou seja, presencial no edifício sede e com transmissão simultânea pelo canal oficial do youtube do TRT-8.
A professora emérita da UFPa, Zélia Amador de Deus, que pela primeira vez proferiu palestra na Justiça do Trabalho, iniciou a programação contando um pouco do seu trabalho como defensora dos Direitos Humanos. “Eu sou professora da UFPA, sou artista também, e há 42 anos falo sobre o racismo. Você não pode pensar em diversidade sem falar dos pilares que sustentam o sistema capitalista como: racismo, machismo, capacitismo, lgbtfobia. A diversidade também está presente no humano e na natureza”.
Ela ressaltou a importância da diversidade no mundo do trabalho. “Um tema importante para discutir em todas as áreas da vida, no mundo, no trabalho muito mais ainda, porque o trabalho é uma das formas com que as pessoas consigam ganhar salário para poder se manter e viver bem. É de fundamental importância que todas as pessoas, independente de diferenças, passam a ter direito ao trabalho”, conclui a professora Zélia Amador de Deus.
Logo em seguida, teve início o painel sobre “Diversidade, Equidade e Inclusão: cada pessoa importa”, com o depoimento da ativista e Miss Beleza T Brasil, Isabella Santorinne. “Esse evento é muito importante, por trazer uma pessoa trans para falar sobre a vivência de travesti e transexuais, principalmente no mercado de trabalho. Percebemos que a nossa população, infelizmente, ainda é muito vulnerabilizada nesse espaços. Hoje, vim trazer relatos sobre vivências, transvestilidade, transexualidade no emprego, falar sobre diversidade para ver se conseguimos oportunidade para a nossa população, então esse evento é muito valioso para que pessoas entendam que queremos apenas uma oportunidade para poder adentrar no mercado de trabalho formal”, pontua.
A ativista alertou sobre a maneira como os travestis e transexuais são apontados na grande mídia. “Infelizmente, nossos corpos são apontando pela mídia sempre como marginalizados, então é muito importante que tenhamos pessoas travesti e transexuais nesse espaços de massa e de mídia para falar que nós não somos isso que a mídia mostra, nós somos muito mais que isso, somos profissionais capacitados podemos exercer qualquer função atribuída em qualquer empresa”, conclui.
O auditor fiscal do trabalho, Rafael Giguer, que é deficiente visual, trouxe relatos pessoais e vivenciados por ele no decorrer de sua atuação profissional, emocionando o público presente e os demais que acompanhavam a transmissão. O auditor conta o quanto as tecnologias assistivas são essenciais para a pessoa com deficiência. “O desafio das dificuldades do dia a dia pode ser feito por nós, sociedade. Mostrar para as pessoas com deficiência as potencialidades que eles não conhecem”, observa.
Giguer acrescenta que possibilitar que "as pessoas com deficiência ou as pessoas transgêneras e outras minorias consigam acessar com igualdade e oportunidades de trabalho, é permitir se sentir parte da sociedade. É isso que estamos falando, de construir uma verdadeira sociedade para todos", reforçou o auditor.
O painel encerrou com a fala da Defensora Pública Flávia Albaine, mestra e pesquisadora no tema da inclusão das Pessoas com deficiência, que trouxe uma reflexão detalhada acerca do conteúdo da Resolução n.º 401, do CNJ, que trata sobre acessibilidade dentro do poder Judiciário. "Fico muito satisfeita em ver o avanço apresentado pela Resolução no tratamento do tema dentro do Judiciário."
Novos projetos - O TRT8 lançou o projeto “Diversidade e o Mundo de Trabalho: Equidade e Inclusão” que irá desenvolver ações de capacitação. A primeira será desenvolvida em parceria com Unama, pelo curso de Gastronomia, onde 20 pessoas do público-alvo LGBTQIA+ e pessoas com deficiência serão capacitadas e inseridas no mercado de trabalho.
A juíza do Trabalho, Roberta Santos, que também preside a Comissão Socioambiental do TRT8, destacou a importância da atividade. “O Tribunal por meio das suas comissões de Gestão Ambiental, Comissão de Acessibilidade e Inclusão, Comitê de promoção à participação feminina e agora o Grupo de Trabalho de Diversidade entende a sua responsabilidade social, entende que não deve não só discutir esse tema, mas trazer concretude para essa temática; pensando nisso lançamos o projeto que foi a culminância do nosso evento hoje”.
Participam do projeto a Comissão Permanente de Inclusão e Acessibilidade, Comissão Socioambiental do TRT8, e Comitê de Incentivo à Participação Feminina, coordenadas, respectivamente, pela juízas Camila Nóvoa, Roberta Santos e Léa Sarmento, além dos servidores Luiza Leão e Danilo Barbosa, da Seção Sociambiental do TRT-8.
A presidente do TRT-8, desembargadora Graziela Leite Colares, afirmou que é fundamental que essas reflexões se transformem em ações efetivas. “Em uma sociedade plural como a nossa, a diversidade é um bem! Um patrimônio que precisa ser observado e estimulado, para a criação da potência dos nossos talentos, ainda mais, quando lidamos com a entrega de direitos. É na compreensão empática da diferença que podemos ser maiores e melhores. A realização de um evento como este é motivo de orgulho para o Tribunal Regional do Trabalho da 8 Região (PA/AP) e para a Justiça do Trabalho como um todo”, finalizou a magistrada.