Webinar discute o entraves do mercado de trabalho para pessoas LGBTQIA+
“Ser diverso é benéfico e positivo para toda a sociedade, que se vê representada nas ações que apoiam este princípios de atuação”, destacou o coordenador do Grupo de Trabalho sobre Diversidade, desembargador Francisco Sérgio Silva Rocha, na abertura do Webinário: “A diversidade no mundo do trabalho: orgulho LGBTQIA+, desafios e ações”, realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, na manhã da sexta-feira, 1º de julho. Com transmissão no canal do YouTube do TRT-8.
Segundo dados da pesquisa Mais Diversidade, realizada em 2021, com uma população amostral de 2.168 participantes, 74% dos entrevistados responderam que sentem falta de um ambiente de trabalho mais inclusivo. Para 54% ter mais referências de lideranças executivas LGBTQIA+ é um dos itens de maior importância no mercado de trabalho, a ocupação desses postos de trabalhos por membros da comunidade mostra que o local de trabalho é seguro e que há mais chances de que a orientação sexual não seja vista como um impeditivo para promoção na carreira.
Para se manterem nos postos de trabalho sem sofrer preconceito ou retaliação por parte do empregador ou dos colegas de trabalho, é comum as pessoas optarem por não falar abertamente sobre a sua orientação sexual ou identidade de gênero. A advogada, mestre e especialista em Direito do Trabalho, Larissa Medeiros Rocha, afirma:
“Quando falamos do acesso ao mercado da população LGBTQIA+ de inclusão no mercado de trabalho e da manutenção dessas pessoas no mercado de trabalho, antes de falar tudo isso, precisamos olhar para entraves; quais são os entraves? Cerca de 18 milhões de pessoas se identificam com esta sigla, apesar de ser uma parcela bastante expressiva da população, há muitos entraves na promoção desse direito", explicou a advogada.
A discriminação e o preconceito sofridos pela comunidade LGBTQIA+ impede a inserção dessa parcela da população no mercado de trabalho. As empresas alegam não existir um banco de dados, com currículos direcionado para este público, como um dos impeditivos para contratações de LGBTQIA +.
A fim de contribuir com a integração entre as pessoas que estão procurando uma oportunidade de emprego formal e as empresas contratantes, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região realizou no dia 28 de junho, uma ação para cadastro de currículos da população LGBTQIA+. Os cadastros foram realizados pela equipe da Gestor Consultoria, na plataforma de recrutamento e seleção "Comtalento.com", na qual os participantes podem acessar e receber orientação do cadastro do currículo, assim como, demonstrar onde e como visualizar e se candidatar às vagas de empregos disponíveis no site. A iniciativa teve como objetivo tratar do problema da privação ao mercado de trabalho e tratá-lo com a adoção de políticas públicas que possam induzir e impulsionar a contratação de membros da comunidade.
Não basta apenas contratar pessoas LGTQIA+, as empresas precisam ir além e desenvolver um ambiente de trabalho inclusivo, receptivo e representativo. Para isto, a política de combate à discriminação promovida pelas empresas precisa ter efeitos e efetividade para combater a prática. O ativista social na luta do direito social de pessoas trans e travestis, Rafael Carmo, criticou a utilização do Mês do Orgulho para dar visibilidade a pseudos diversidades e cobrou efetividade nas políticas de garantia de direitos.
"Queremos isso muito além do mês de junho, a qual se comercializa esse mês como o da diversidade no sentido de que muitas empresas trocam a foto de perfil, usam a bandeira LGBTQIA+ para se dizerem inclusiva, ouvimos uma série de discursos, mas quando paramos para pensar na prática essas empresas não apresentam um quadro de funcionários diversos, com diversidade sexual e de gênero, percebemos que na prática isso não existe”, falou Rafael Carmo.
LGBTQIA+ orgulho, valor e direitos - Professor e Doutor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pedro Nicoli, parabenizou as iniciativas do TRT. "Início com uma saudação muito sincera. Uma saudação pela sensibilidade, pela coragem e pela vanguarda do TRT-8, que ao discutir de uma maneira célere e central a questão da identidade de gênero e orientação sexual nas relações de trabalho, sinaliza na direção de vidas de gays, lésbicas, trans, travestis e tantas outras, que muitas das vezes não importam muito para o debate jurídico hegemônico. E ao fazer essas ações, e TRT da 8ª Região e seus magistrados, magistradas e servidores se colocam ao lado dessas pessoas”
O webinário foi promovido pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, em alusão ao dia do Orgulho LGBTQIA+, celebrado no dia 28 de junho. Participaram da mesa redonda, a vice-presidente, no exercício da presidência desembargadora Maria Valquíria Norat Coelho; o coordenador da EJUD8, desembargador Walter Roberto Paro; a desembargadora Maria de Nazaré Medeiros Rocha, o juiz do Trabalho Otavio Bruno da Silva Ferreira, servidores e servidoras do TRT-8.