Justiça do Trabalho da 8ª Região adere a campanha do Janeiros Roxo da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Ainda no século 19, o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, pesquisador de saúde pública, conseguiu identificar o bacilo causador da hanseníase que, séculos atrás, já carregava preconceito, segregação e era chamada de lepra, em tom pejorativo. Por conta do sobrenome do pesquisador a doença passou a ser chamada hanseníase. Passados quase 150 anos, profissionais da saúde ainda lutam promovendo campanhas de esclarecimento e ações na mídia para desmitificar a hanseníase.
A doença não é contagiosa do modo como se defendia no passado, isolando e segregando pessoas. Sua identificação precoce evita danos aos nervos e movimentos, e, desconstruindo mais um mito, a doença está presente em diversas camadas da sociedade e não apenas em locais mais carentes e sem saneamento básico. O problema de saúde é considerado uma doença, gerada pela bactéria Mycobacterium leprae transmitida de uma pessoa com a forma transmissora e sem tratamento. Qualquer indivíduo pode ser acometido. Em algumas fases já instalada no organismo, nota-se alteração ou perda da sensibilidade ao calor e ao frio, dor, fraqueza muscular dos membros e até incapacidade da visão.
O Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é lembrado no último domingo do mês de janeiro. Mas a campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) acaba de ser lançada para alertar a população.
Os médicos destacam que é comum que as pessoas com hanseníase não sintam queimar a pele, mesmo sendo o forte calor do fogo em áreas com manchas no corpo, mãos ou pés, mas podem também sentir uma espécie de pequenos choques e picadas em lesões iniciais. “Por isso é essencial a família também ter atenção, respeitar e ouvir as queixas indo buscar ajuda, além de ler fontes seguras sobre a doença. Hoje o alcance das redes sociais é imenso e por isso falaremos amplamente do assunto em diversos canais”, destaca o médico Egon Daxbacher, do Departamento de Hanseníase da SBD. A campanha terá destaque em janeiro nas redes sociais, na mídia e nas redes sociais da SBD.
A hanseníase tem um quadro preocupante no Brasil. Em 2019, antes da pandemia da Covid-19, foram notificados, de acordo com o Boletim Epidemiológico sobre a Hanseníase do Ministério da Saúde 27.864 novos casos de Hanseníase, equivalente a 93% de todos os casos da região das Américas e 13,7% dos casos globais registrados no ano.
No intervalo dos anos, a chegada da pandemia de Covid-19 segue desafiando os sistemas de saúde público e privado, atrasando e complicando diagnóstico de doenças complexas e especialmente das negligenciadas, caso da hanseníase, tratada há séculos com estigma, o que muitas vezes afasta as pessoas da busca por ajuda.
Em 2020, foram informados à Organização Mundial da Saúde (OMS) 127.396 casos novos da doença no mundo. Sendo 19.195 (15,1%) na região das Américas, 17.979 notificados no Brasil, ou seja, 93,6% do número de casos novos das Américas. Brasil, Índia e Indonésia reportaram mais de 10.000 casos novos, correspondendo a 74% dos casos novos detectados no ano de 2020. Sendo que o Brasil ocupa o segundo lugar entre as nações com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia.
O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde publicado este ano sobre a doença trouxe dados preliminares sobre 2021, que apontaram que o Brasil diagnosticou 15.155 casos novos de hanseníase. Queda representativa, se feita a comparação com outros anos, como 2019. Tal situação foi relacionada à pandemia, com fechamento dos serviços e acesso ao diagnóstico. “Esta é uma preocupação nossa. Avançar, orientar, dar acesso ao tratamento, fazer com que as pessoas conheçam os sintomas e se curem, antes de danos maiores como quando a doença alcança os nervos e prejudica os movimentos. Nossa campanha traz esclarecimento de forma clara e educativa”, ressalta Daxbacher.
Presidente da SBD reforça a importância do esclarecimento -
“A hanseníase pode estar em qualquer lugar, até mesmo na sua casa, esse é o chamado da campanha que lançamos neste Janeiro Roxo, alertando toda a população. O doente que começa o tratamento, não transmite a doença, nem necessita ser isolado, muito menos estigmatizado. Precisamos informar que a ida até uma unidade básica de saúde ou ao dermatologista em que a pessoa já costuma se consultar, em caso de áreas do corpo com dormência, manchas escuras em tons vermelhos, esbranquiçados ou amarronzados, fazendo a pele perder a sensibilidade, podem indicar a presença da doença, possibilitando o diagnóstico e tratamento nas fases iniciais da mesma”, orienta o presidente da SBD, Heitor Gonçalves. O Sistema único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento da doença gratuitamente.
*Com informações do site da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
#ParaTodosVerem: Arte com laterais brancas como fundo, e um quadrado roxo ao centro. Acima, um laço roxo entrelaça uma faixa branca com o texto "Janeiro roxo: Mês de conscientização e combate à hanseníase" na cor roxa. Abaixo, o texto "Eu apoio!" na cor branca. Por fim, no centro inferior, as logos da Sociedade Brasileira de Dermatologia e do TRT-8 lado a lado.