Projeto Diversidade e Empregabilidade do TRT-8 forma alunos(as) da primeira turma de auxiliar de cozinha
Em uma cerimônia repleta de emoção, superação e celebração, 15 pessoas, entre integrantes da comunidade LGBTQIAPN+ e PcDs em situação de vulnerabilidade social, receberam o certificado de conclusão do curso de Auxiliar de Cozinha promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP). A ocasião marcou o término de um ciclo, mas o início de uma nova fase de grandes oportunidades para cada um dos formandos e formandas.
Parte do projeto Diversidade e Empregabilidade, o curso de Auxiliar de Cozinha é uma idealização do TRT-8 em parceria com a Universidade da Amazônia (Unama), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa). O objetivo é a qualificação dos participantes para inseri-los no mercado de trabalho. Esta foi a primeira turma do curso e agora, novas portas se abrem para que mais pessoas possam ter a mesma oportunidade de qualificação profissional.
A presença de pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho enfrenta uma problemática social discriminatória e de extrema urgência a ser combatida. No ano de 2020, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) revelou que apenas 13,9% de mulheres trans e travestis possuíam empregos formais. O percentual cresce relativamente em relação a homens trans, totalizando 59,4% deles com empregos formais, mas ainda destaca a desigualdade de gênero alarmante presente nas empresas e instituições atuais.
Além disso, o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo há 14 anos consecutivos. Para a secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIAPN+, Symmy Larrat, que esteve presente na cerimônia para prestigiar os formandos e formandas, a promoção de projetos como o Diversidade e Empregabilidade é uma reparação social por esse e muitos outros erros, violações e violências cometidas contra a população LGBTQIAPN+.
“Quando o Estado brasileiro reconhece que fez algo errado, ele precisa reparar o erro. [...] Nós só vamos parar de reparar quando, em uma sala de aula, em um supermercado ou decidindo como juíza, tiver uma pessoa lésbica, uma travesti preta, uma bicha pintosa… Quando nós chegarmos nesse lugar, nós iremos entender que não precisamos mais reparar e que não precisamos mais de projetos como este, e esperamos não precisar mais. Mas enquanto isso, é preciso de pessoas como vocês, que ousam. Porque infelizmente nesse país e no mundo, fazer reparação social precisa de ousadia e de coragem”, destacou a secretária.
Estiveram também presentes na cerimônia de formatura familiares dos alunos e alunas do curso; o presidente do TRT-8, desembargador Marcus Augusto Losada Maia; a vice-presidente do TRT-8, desembargadora Ida Selene Duarte Sirotheau Correa Braga; a desembargadora do TRT-8 Maria de Nazaré Medeiros Rocha; e representantes das três instituições parceiras do projeto.
Em seu discurso de abertura da solenidade, o presidente do TRT-8, desembargador Marcus Augusto Losada Maia, celebrou a trajetória dos alunos e alunas do curso, e contou sobre suas altas expectativas para futuras turmas do projeto. “O sentimento que hoje me toma é o de profunda alegria a fim de que a gente possa realmente proporcionar dignidade, respeito e inclusão para pessoas que já sentiram na pele esse tipo de preconceito. É verdade que ainda é muito pouco termos uma turma de quase 20 alunos para um universo extremamente considerável de pessoas, mas acho que é um começo, e é um começo para conseguirmos corrigir distorções que ainda encontramos”, frisou.
Para o formando Noah Aracati, a oportunidade dada pelo curso é o começo de um sonho que ele pretende seguir. “Eu sou uma pessoa que veio da periferia, então não tenho muito dinheiro para fazer um curso mais abrangente para o que eu queria, que era ser auxiliar de cozinha. Essa é uma possibilidade nova de abertura para o que eu sou. Além de vir da periferia, também sou um homem trans masculino e existem poucas pessoas trans e principalmente poucos homens trans no mercado de trabalho, então esse curso foi uma possibilidade de eu conseguir entrar no mercado de trabalho com uma carteira assinada, por exemplo”, celebrou.
A primeira turma do curso de auxiliar de cozinha teve início em setembro de 2023, e encerrou com uma grande festa no dia 7 de novembro, no auditório Aloysio da Costa Chaves, no prédio-sede do TRT-8, em Belém. O jantar da cerimônia foi feito pelos próprios alunos e alunas do curso.
No primeiro semestre de 2024, o projeto Diversidade e Empregabilidade terá continuidade com a abertura de uma segunda turma.
Mais fotos da festa de formatura podem ser conferidas aqui.
#ParaTodosVerem: Fotografia em ambiente fechado de dezenas de pessoas lado a lado, dispostas em três fileiras, uma a frente da outra. Quinze pessoas mais à frente usam dolmã branco. Atrás, doze pessoas estão em pé e sorriem para a foto. Em segundo plano, uma projeção mostra a logo do projeto Diversidade e Empregabilidade.