Trabalho decente para os catadores e catadoras de materiais recicláveis foi o foco do segundo dia do Encontro Nacional de Sustentabilidade
Catadores (as) de materiais recicláveis e os efeitos climáticos foram debatidos na manhã do segundo dia do VIII Encontro Nacional de Sustentabilidade, realizado na sede do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região PA/AP.
Com uma plateia marcada pelas associações e cooperativas de catadores e catadoras de material para reciclagem, magistrados(as) e servidores (as) ouviram atentos os relatos dos catadores Alex Cardoso, Aline Sousa e Daniela Portal Pereira com a mediação de Anita Cristina de Jesus, do TRT-4. O tema do painel foi "A sustentabilidade e o trabalho decente: O reconhecimento do trabalho de catadoras e catadores".
Sara Reis, da Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Reciclados de Águas Lindas, parabenizou a iniciativa de discussão do trabalho dos catadores. "Achei muito importante, porque a gente pode estar mostrando para o judiciário, para a justiça, a importância do apoio que as cooperativas de catadores necessitam, tanto aqui em Belém quanto no estado. Nossa cooperativa existe desde 2005, ela veio como associação de catadores do Aurá, em 2011 iniciou um trabalho piloto de coleta seletiva em Belém, mas sem remuneração; e hoje somos uma cooperativa lutando para que sejamos reconhecidos e contratados, para que possamos dar aos 45 catadores uma dignidade de vida melhor", observa.
Maria Trindade Santana de Araújo, representante nacional do movimento de catadores e catadoras de materiais recicláveis no Pará e diretora da Rede Recicla Pará, comemora sua primeira participação como palestrante. "Foi a primeira vez que fui convidada a participar da mesa para mostrar o nosso trabalho, da grande importância do nosso trabalho e dizer que estamos em negociação de contrato com a prefeitura de Belém, para tirar a verba que está inserida na coleta seletiva para a PPP e inserir no nosso grupo de trabalho, para que haja a contratação dos catadores de material reciclável de Belém. Hoje somos 12 cooperativas e associações", explica.
A diretora presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF e Entorno, Aline Sousa, veio de Brasília e destacou o trabalho dos catadores e da criação de políticas públicas para o segmento. "É importante a nossa participação no espaço de fala aqui, porque a gente precisa passar a realidade para os catadores no seu dia a dia, a luta por processo a direitos fundamentais e previsto já em Lei, para de fato a política pública ser inclusiva e reconhecida pelo trabalho que os catadores fazem".
Para o fundador do Movimento dos Catadores no Brasil, Alexandro Cardoso, que veio do Rio Grande do Sul e contou toda a sua experiência no trabalho que realiza. "Nos sentimos extremamente importantes quando discutimos um tema que envolve muito a sociedade como um todo e as catadoras e os catadores estarem aqui, tirando do processo de invisibilidade e trazendo para o centro da roda, inclusive quando a gente não vem só como convidado, mas como palestrante. Participamos do evento com uma referência estadual dos catadores, Maria Trindade, e com a Aline Sousa, que foi a catadora que entregou a faixa para o presidente Lula. Parabenizo a iniciativa de realizar este evento que coloca todos os atores como o tribunal, o ministro, o servidor, técnicos, as jornalistas e os catadores pra discutirem um tema que envolve todo mundo", comemora.
Experiências
Júlia Oliveira, chefe da seção de Sustentabilidade e Inclusão do TRT-3 de Minas Gerais, afirma que está renovada com todo o aprendizado do Encontro. "Eu estou renovada em esperança, o nosso dia a dia, quando a gente se depara com essas temáticas, com a organização do evento, deu um renovo, está me renovando as forças, as esperanças e a determinação de continuar. As histórias de vida que ouvi aqui, isso tudo me alimenta e nos impulsiona".
Segundo Painel
A juíza federal de Porto Alegre, Rafaela Martins Rosa, abordou sobre as questões "Dano Climático e o Papel do Judiciário", e trouxe questões avaliando "se o poder judiciário está realizando seu dever de casa, seja na sua gestão administrativa, no ambiente de controle das suas unidades, como é que ele enfrenta as mudanças climáticas? Como é que ele vai mitigar suas emissões de gases de efeito estufa? Como ele vai se adaptar aos eventos climáticos extremos? E isso no dia a dia da sua atuação administrativa; mas também um segundo papel, que é fundamental, a atuação finalística do Poder Judiciário ao julgar demandas, ou seja, litígios climáticos, como é que ele participa da governança de enfrentamento da crise climática? Esses dois enfoques são fundamentais", explica.
Em sua apresentação, ressaltou que "a ideia é demonstrar exatamente o quanto no dia a dia as nossas ações repercutem e influenciam a nossa gestão de resíduos, a nossa escolha por produtos, tudo isso impacta em matéria de mudanças climáticas. Sobre o ponto de vista jurídico, é muito importante termos a real noção de que há uma comprovação científica de que a ação antrópica está exacerbando o efeito estufa, portanto, nós somos os causadores dessas mudanças climáticas", finaliza.
O VIII Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho encerra nesta sexta-feira, dia 01 de dezembro, com um Mutirão em parceria com a ong Arte pela Vida, no Centur.
Confira aqui as fotos do evento.
#ParaTodosVerem: Fotografia em ambiente fechado que reúne sete pessoas em pé, lado a lado, entre homens e mulheres.