Programa Diversidade e Empregabilidade do TRT-8 dá pontapé inicial do Curso de Assistente Administrativo
O programa Diversidade e Empregabilidade, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8), por meio do Comitê Gestor Regional de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, está de volta. O projeto oferece cursos profissionalizantes, em parceria com a Universidade da Amazônia (Unama), e também a integração com empresas para viabilizar a empregabilidade para seu público, formado por pessoas em situação de vulnerabilidade social. Assim, foi inaugurada na última segunda-feira, 16, sua segunda turma, formada por mulheres encaminhadas pelo Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero, da Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE).
O primeiro encontro foi marcado por uma apresentação do projeto às participantes e cerimônia com a presença do presidente do TRT-8, desembargador Marcus Augusto Losada Maia. “Tive a possibilidade de acompanhar de perto e de me emocionar com a formação da primeira turma, composta por pessoas trans e por pessoas com deficiência. Sempre digo que hoje não podemos ter juiz que apenas julgue processo. A gente precisa ser mais participativo e atuar pela Justiça Social”, comentou o magistrado.
A desembargadora Selma Leão, coordenadora do Comitê de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT-8, disse estar muito feliz com a grande quantidade de alunas que aderiram ao projeto. “O que nós esperamos é realmente capacitar essas alunas e tentar inseri-las no mercado de trabalho para que elas tenham condição de caminhar com as suas próprias pernas. Isso para nós é muito valioso, poder proporcionar a elas esse crescimento. O Judiciário, principalmente o Judiciário Trabalhista, está muito empenhado na solução desses problemas que afligem a sociedade”, aponta a magistrada.
As 30 alunas matriculadas farão o Curso de Assistente Administrativo, com duração de 2 meses, na Unama Alcindo Cacela. Elas também recebem uma bolsa de estudos durante esse período, por meio da parceria do projeto com a Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa) e o Ministério Público do Trabalho.
“Eu estou bem animada! Primeiro porque estou desempregada e nos locais onde eu fui tentar uma vaga de trabalho, sempre alegam: ‘você precisa de capacitação’. Eu sou da área da educação, pós-graduada, tinha um trabalho bom, ganhava bem. Mas eu vou me permitir ao novo e acredito que vai ser uma oportunidade ímpar, quem sabe posso até atuar na área da gestão em educação usando essa oportunidade do curso”, projeta Rosa*, de 38 anos.
Assim como ela, muitas mulheres que participam do projeto querem recomeçar suas vidas após terem que deixar suas cidades de origem, suas famílias e até mudar de nome para garantir sua segurança diante de situações de violência doméstica. “Desde quando eu cheguei aqui, há mais de um ano, estou sem trabalho. Eu sempre trabalhei e me sinto assim, incomodada, porque o trabalho dignifica o ser humano. Eu tenho um filho, agradeço as pessoas que já me ajudaram, mas eu preciso do meu suor. E é isso”, diz Rosa.
Após a cerimônia de abertura, as alunas assistiram à palestra “Empregabilidade como estratégia de enfrentamento à violência contra a mulher”, da psicóloga Crissia Cruz, profissional conhecida por suas pesquisas e atuação no campo da saúde da mulher, gênero, sexualidade e violência. Ao final da aula inaugural, as alunas foram orientadas sobre o início do curso e presenteadas com mais uma novidade: a Unama também oferecerá de forma gratuita o acesso das alunas a serviços da universidade na área da saúde e estética, além de orientações sobre moda e comportamento para o ambiente corporativo. “Tudo isso, nós sabemos, colabora para que elas possam se destacar no mercado de trabalho e acessá-lo com todo o suporte possível”, pontuou a reitora da Unama, Betânia Fidalgo.
*O nome da entrevistada é fictício para preservar sua identidade.
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