Ejud-8 promove discussão sobre IA Generativa e seu impacto no Judiciário
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Entre os dias 18, 21, 22 e 23 de outubro, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) por meio da Escola Judicial (Ejud-8) realizou o workshop “IA Generativa em Gabinete Judicial - Abordagem Prática” e o curso “Inteligência Artificial na Rotina Judicante: Potencialidades e Riscos do ChatGPT”, voltados para magistrados(as) e servidores(as).
O evento reuniu especialistas renomados no tema, como o juiz Fernando Hoffmann (TRT-9), o juiz Ney Maranhão (TRT-8) e o juiz Jorge Alberto Araujo (TRT-4), e buscou explorar o impacto da Inteligência Artificial (IA) no Judiciário, oferecendo uma visão abrangente dos benefícios e dos riscos envolvidos no uso de ferramentas como o ChatGPT.
Workshop: Panorama prático e reflexivo
O workshop realizado no dia 18 de outubro, teve uma adesão expressiva, contando com a participação de 207 inscritos pela manhã. Dividido em dois turnos, o evento abordou diferentes perspectivas sobre o uso da IA na prática judiciária.
Durante a manhã, o juiz do Trabalho Ney Maranhão exerceu uma visão cautelosa e analítica sobre o uso da Inteligência Artificial no contexto judiciário. Ele destacou que, embora a IA ofereça inúmeras ferramentas úteis, como corretores gramaticais e assistentes para revisão de texto, é fundamental que os usuários mantenham uma postura crítica e vigilante. “Sempre desconfie de tudo o que a IA oferece”, alertou o magistrado, enfatizando a importância da verificação humana para garantir a qualidade e precisão das informações geradas. Ele ainda apresentou uma lista de sites úteis para apoio na rotina judicial, mas fez questão de ressaltar que não utiliza essas ferramentas para a produção de sentenças, apontando os limites atuais da IA em questões de alta complexidade e sensibilidade jurídica.
No turno da tarde, a discussão foi sobre as possibilidades da IA na elaboração de minutas e documentos judiciais. O workshop foi um espaço para troca de experiências entre os(as) magistrados(as) e servidores(as), incentivando o uso responsável dessas tecnologias no ambiente de trabalho.
Curso: Profundidade técnica e análise crítica
O curso básico, que se desenvolveu ao longo dos dias 21, 22 e 23 de outubro, contou com a participação de 108 inscritos. Dividido em seis módulos, ofereceu uma compreensão mais profunda nas aplicações práticas da IA e do ChatGPT no contexto judiciário.
O juiz Fernando Hoffmann, que concedeu boa parte das atividades, destacou a importância de formular perguntas de maneira específica ao usar ferramentas de IA. “Quanto mais específico for a pergunta, melhor a resposta”, afirmou, orientando os participantes a explorar o potencial da IA ao gerenciar tarefas como a elaboração de minutas. Hoffmann também destacou que o ChatGPT, quando utilizado especificamente, pode produzir minutas de excelente qualidade, agilizando processos que exigem a criação de documentos padrões ou preliminares. No entanto, ele reforçou a necessidade de uma revisão cuidadosa por parte dos(as) magistrados(as) e servidores(as) para evitar erros e interpretações equivocadas.
Potencialidades e limitações
Ao longo do curso, os(as) magistrados(as) foram incentivados a refletir sobre as reais potencialidades e limitações da IA no contexto judicial. Entre os pontos positivos, destacou-se o ganho de eficiência, sobretudo em tarefas burocráticas ou repetitivas. Ferramentas como o ChatGPT podem otimizar o tempo dos(as) magistrados(as), permitindo que se concentrem em decisões mais substantivas e complexas.
Por outro lado, também foram discutidos os riscos de uma dependência excessiva da tecnologia. A IA, por mais sofisticada que seja, ainda opera com base em dados e padrões pré-existentes, o que pode resultar em vieses, erros de interpretação e, em alguns casos, “alucinações” da IA e se não houver uma verificação humana rigorosa poderá acarretar alguns problemas de decisão.
Reflexão para o futuro
O evento promovido pelo TRT-8 foi um marco importante no debate sobre o papel da IA no Judiciário brasileiro. Os participantes vieram com uma visão ampliada sobre como essas tecnologias podem ser aliadas poderosas na gestão de tempo e na eficiência processual, mas também cientes dos desafios éticos e técnicos que ainda precisam ser enfrentados.
Com a rápida evolução das ferramentas de IA, eventos como esse se tornam essenciais para preparar o Judiciário para um futuro onde a tecnologia será cada vez mais presente na rotina profissional, sempre com as premissas de manter a justiça e a equidade como valores centrais.
O sucesso do curso e do workshop reforça o compromisso do TRT-8 em capacitar seus magistrados (as) e servidores (as) para lidar com as inovações tecnológicas de forma crítica e responsável.