TRT8 abre o Ano Judiciário e o Ano Letivo da Escola Judicial com tema sobre direitos humanos

O TRT8 abriu o Ano Judiciário e o Ano Letivo da Escola Judicial, ano 2018, na última terça-feira (27), no auditório Aloysio da Costa Chaves​,​ abordando o​s​ tema​s dos direitos humanos e ​da ​dignidade humana como questão central. O evento contou com um público diverso de magistrados, servidores, ​advogados,​estagiários do tribunal, alunos e professores da UFPA​ e do CESUPA​, além de instituições parceiras​.

A mesa de abertura foi composta pela desembargadora vice-presidente do TRT8​,​ no exercício da presidência, Sulamir ​Palmeira ​Monassa de Almeida, o desembargador corregedor regional  do TRT8, Walter ​Roberto ​Paro, o desembargador diretor da Escola Judicial do TRT8, Gabriel Napoleão Velloso Filho, o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região, Paulo Isan Coimbra da Silva Junior, a diretora adjunta da Escola Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, desembargadora Elvina Gemaque Taveira e o coordenador do curso de pós-graduação do CESUPA, João Paulo Mendes Neto.

A desembargadora vice-presidente, Sulamir Monassa, abriu oficialmente o evento dando as boas-vindas a todos  e ressaltando a importância do assunto: ​"​tenho a certeza de que aproveitaremos muito e sairemos daqui munidos com um conhecimento mais amplo para o cumprimento de nossa missão”. ​Em seu pronunciamento, o desembargador diretor da Escola Judicial do TRT8, Gabriel Napoleão Velloso Filho​,​ frisou que a EJUD continuará investindo ​na sua missão, promovendo capacitação, ​inclusive com disponibilização de bolsas de mestrado, ​além de realizar​ eventos fora d​a Sede, bem como cursos ​à distância.

​Logo após a abertura oficial do evento, a primeira palestra ​teve como tema a “Dignidade Humana e Direitos Humanos: ontologia ou construtivismo dos direitos humanos", do jurista alemão, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Salzburg (Áustria), Stephan Kirste. Ele explicou o conceito de direitos humanos e a fundamentação a partir da teoria de Hans Joa, que afirma que a crença dos direitos humanos e da dignidade humana universal pode ser compreendida a partir de um processo específico de sacralização em uma abordagem concretista do assunto. Em outro ponto de vista,​ Kirste ​apresent​ou a tese de Charles Beitz, com uma visão mais naturalista. Porém, ​o palestrante acredita que que ambas as teorias deixam aberta a questão de qual é o direito humano primordial​, motivo pelo qual entende que a resposta encontra-se na dignidade humana. Para ele, os direitos humanos pertencem a todas as pessoas e cada uma deve ser reconhecida como sujeito de direitos. “Não há valor mais alto do que a dignidade humana”.

​Dando continuidade ao evento, o professor, ​mestre e ​doutor em Filosofia do Direito (UFMG), Lucas de Alvarenga Gontijo, apresentou o tema "Dignidade Humana versus 'Modernização' das Relações de Trabalho: meio ambiente, culturas tradicionais e precarização do trabalho como ameaças à soberania brasileira"​. Lucas demonstrou como os problemas de concentração de renda e o avanço do ​neo​liberalismo tem afetado a Justiça do Trabalho. Apresentando dados do economista Thomas Piquet, mostrou que​,​ depois dos anos 80​,​ estamos voltando às mesmas condições do século 19 quanto ​à concentração de riqueza.

Cita, ainda, o processo ​que denomina “uberização” pelo qual todo o mundo está passando: “é um sistema de terceirização e precarização trabalhista. Isso é para reduzir custos e faz com que os trabalhadores tenham que concorrer entre si. O discurso de que irá gerar mais empregos, na verdade, só leva a servidão e é ligado aos donos do capital que concentram o poder e tomam os governos e a mídia”.

Ao final, o professor de Direito da UFPA,  Saulo Monteiro de Matos, coordenou o momento de perguntas e respostas com os dois palestrantes.

Na opinião do Juiz do Trabalho do TRT8, Deodoro Tavares, Coordenador do NPP, “o professor alemão foi muito feliz em suas colocações​,​ apesar do linguajar mais técnico, mas​,​ com o conhecimento que ele tem, conseguiu passar de forma precisa a contribuição da filosofia e do direito e a própria contribuição da filosofia para com o direito. O Professor Gontijo​ nos apresentou uma palestra crítica e de acordo com o atual momento político e jurídico que nós vivemos - de redução dos direitos sociais, de subtração dos direitos trabalhistas, de ataque a democracia​ - e nós não podemos separar a parte política da parte jurídica. Nas duas palestras ficou algo que devemos respeitar e devemos sempre nos lembrar e que é a base de tudo: a dignidade da pessoa humana em todas as nossas ações”, complementa ​o magistrado.

Taís Bordalo Gomes, servidora pública do Fórum C​iv​el de Belém diz que gostou muito do evento, ​e achou o tema da segunda mais atraente: ​"​a segunda eu achei bem interessante pelo tema, para a nossa realidade aqui no Brasil, já que fala da Reforma Trabalhista e sobre as  mudanças pelas quais a gente vem passando. Sem dúvida, como cidadã e não só por ser da área do direito​,​ foi muito instrutiva para mim​"​, finalizou.

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