Decisão de juiz do trabalho em Abaetetuba sobre as demissões na Hydro repercute na mídia

Imagem com alagamento na cidade de Abaetetuba

Uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, publicada na segunda-feira (12), proíbe que a refinaria Hydro Alunorte faça demissões de trabalhadores. O pedido foi feito pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas (SindQuímicos) do município de Barcarena, no nordeste do Pará, após o vazamento de rejeitos que provocou danos ambientais e socioeconômicos na região.

Veja aqui 10 pontos para entender o vazamento das bacias de rejeitos da refinaria que tem contaminado rios em Barcarena.

A Justiça do Trabalho, através da 1ª Vara de Abaetetuba, determinou que a Hydro Alunorte não dispense empregados sem o procedimento que averigue os requisitos da dispensa ou de negociação coletiva com o sindicato. O Tribunal estabelece ainda a pena de multa de R$ 50 mil por empregado prejudicado e o retorno, no prazo de 48 horas, dos empregados dispensados a partir do dia 17 de fevereiro deste ano.

Segundo o SindQuímicos, a empresa havia anunciado que diante das proporções do caso seria iniciado um processo de dispensa em massa para sanar os prejuízos.

O Ministério Público solicitou o embargo da área denominada "DRS2 "da empresa e a redução da produção em 50% da capacidade média equivalente aos últimos 12 meses, o que foi deferido pela Justiça no dia 28 de fevereiro.

Os representantes do sindicato afirmam que os trabalhadores não devem ficar desempregados, já que a culpa é exclusiva das empresas, que não se adequaram às normas ambientais. A entidade destaca também que o grupo empresarial não providenciou nenhuma análise ou procedimento prévio e que não existe negociação coletiva para discutir e firmar parâmetros de eventuais dispensas de empregados. Ainda segundo o sindicato, a possibilidade era que mais de quatro mil empregados fossem demitidos.

A liminar do TRT fala sobre os prejuízos causados por essa demissão em massa: “não é que seja impossível dispensar. Mas as consequências da chamada dispensa em massa são tão graves que não podem ficar sob o poder unilateral do empregador. Daí porque construiu-se entendimento pela necessidade de autorização sindical para promovê-la”. Segundo o Tribunal, a Hydro Alunorte deve participar de negociação com o sindicato para discussão da melhor forma de solução do problema.

A Hydro informou em nota, que está tomando as medidas necessárias para preservar os postos de trabalho com a retomada integral de produção e, garantiu que ainda não considera realizar demissões. A empresa afirmou também que vai manter o diálogo com as entidades de classe, porque entende que o sindicato possui um papel importante na relação com os trabalhadores.

Vazamentos

Um novo canal de despejo não autorizado foi descoberto pelo Ministério Público do Pará (MPPA), na última sexta-feira (9) após uma vistoria realizada nas dependências da Hydro Alunorte, em Barcarena, nordeste do estado. Segundo informações divulgadas nesta segunda (12), o Ministério Público Federal notificou a empresa para que faça em até 48 horas a vedação do canal. No final de fevereiro, o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) já havia determinado que a Hydro reduzisse sua produção em Barcarena em 50% e embargou uma bacia de rejeitos da empresa. Segundo a Hydro, ainda que caiba recurso, a decisão será acatada.

A Hydro informou, em nota, que irá examinar a notificação da Promotoria e que a responderá "o mais rápido possível". "O uso do canal e as notificações fazem parte das investigações internas em andamento e da revisão externa independente", informou a empresa.

Esta não é a primeira vez que a Hydro é notificada sobre a existência de vazamentos em uma de suas bacias. No dia 28 de fevereiro o executivo da refinaria Hydro, Silvio Porto, reafirmou que não houve vazamento das bacias que acumulam os rejeitos da bauxita e considerou que “um pequeno fluxo de água da chuva” saiu da empresa por uma tubulação que estava em desuso para o meio ambiente. Ele ainda enfatizou que o material não tinha potencial de contaminação.

O executivo ainda afirmou que a empresa vai acatar a decisão do Tribunal de Justiça sobre a redução em 50% da produção. “Nós estamos acatando a redução imposta pra nós e continuamos trabalhando muito forte para manter a estabilidade do nosso processo e seguir a operação de maneira segura para os nossos funcionários e a comunidade onde nós operamos”, afirmou o vice-presidente.

Fonte: G1

Leia aqui a decisão.