Filme sobre ativista que libertou crianças do trabalho infantil é exibido no TRT8

Sessão de cinema emocionou o público. Após a sessão autoridades e voluntários deram depoimentos sobre o combate ao trabalho infantil em Belém.
Foto: Voluntários da Comissão reunidos no auditório após sessão de cinema.
— Foto: ASCOM8

A Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do TRT8 promoveu uma sessão de cinema para exibir o Documentário "THE PRICE OF FREE", que retrata a atuação do ativista indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz, na sua luta contra o trabalho infantil.

A projeção do filme ocorreu na última quarta-feira (30), no auditório Aloysio Chaves, no edifício sede do TRT8, e contou com a participação de padrinhos cidadãos, voluntários, afilhados do projeto, professores, parceiros e colaboradores das ações realizadas pela Comissão, que tem como gestoras a desembargadora Zuíla Dutra e a juíza do Vanilza Malcher.

Documentário

O filme conta a trajetória de Kailash Satyarthi que desde os anos 1990 abandonou a engenharia para se dedicar ao movimento indiano contra o trabalho infantil. Há 25 anos, o ativista fundou a Bachpan Bachao Andolan (BBA), movimento para salvar a infância, responsável por organizar protestos pacíficos contra a exploração infantil. Em sua atuação na Índia,  Satyarthi libertou mais de 90 mil crianças do trabalho escravo infantil e ajudou na reintegração, reabilitação e educação de jovens.

Com duração de 90 minutos, o documentário mostra o resgate de crianças e adolescentes que trabalhavam em fábricas, circo e na prostituição, e como o ativista construiu a "Marcha Global Contra o Trabalho Infantil", um dos maiores movimentos da sociedade civil contra a exploração da mão de obra infantil.

O filme "The Price of Free" foi exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Sundance em 2018 e ganhou o grande prêmio do júri. Em novembro desse mesmo ano, o documentário estreou no YouTube.

Depoimentos

Ao final da exibição, a plateia pode se manifestar e muitos deram depoimentos das ações que desenvolvem para combater o trabalho precoce. O Juiz de Direito do TJPA ,Vanderley de Oliveira Silva, da 3ª Vara da Infância e Juventude de Belém, disse que é preciso uma ampla conscientização para enfrentar o trabalho infantil que está enraizado na cultura humana. E fez um apelo para que cada um possa fazer parte dessa corrente humanitária e faça a diferença na vida de uma criança que está sofrendo. "Eu acompanho e desenvolvo, juntamente com a minha equipe, um trabalho para combater a criminalidade sobretudo aquela que faz de crianças e adolescentes vítimas, principalmente de 12 a 18 anos incompletos. Elas são vítimas de toda essa saga destruidora que tem como uma das principais causas o trabalho infantil. Esta sinergia de esforços certamente fará diferença na vida de uma criança. Vamos unir forças e esforços, a nossa voz e a nossa vida, em prol dessa causa tão nobre que é resgatar e empoderar crianças e adolescentes".

A professora do curso de cinema e audiovisual da Universidade Federal do Pará, Angela Gomes, ficou impressionada com a força do documentário. Angela coordena o Cineclube Catavento, um projeto de extensão do curso de cinema da UFPA realizado em parceria com o TRT8. "O documentário é maravilhoso porque nos traz uma história de vida muito interessante e deixa uma mensagem de que nós não podemos perder a capacidade de nos indignarmos com esse problema mundial que é o trabalho infantil. Os caminhos que temos para combater passam pela educação, pela arte e pela cultura. Temos de fazer nossa parte como cidadãos com o instrumento que está a nosso alcance".

A desembargadora Zuíla Dutra contou que assistiu ao filme em Brasília durante um seminário internacional que teve conferência magna de Kailash Satyarthi e se emocionou ao lembrar que foi trabalhadora infantil. "Minha condição de trabalhadora infantil me retirou o direito de brincar, de conviver com outras crianças. São marcas que o tempo jamais vai conseguir apagar porque a infância é muito breve e ela não espera. Felizmente, eu estou nesse percentual mínimo de 3% que conseguiu reescrever a história e hoje estou aqui com o compromisso moral de contribuir para que todas as crianças possam viver a sua infância, possam ser livres".

Após o filme, no Espaço da Comissão, as gestoras do programa fizeram a entrega de canecas ilustradas com a personagem Maria, símbolo da luta contra o trabalho infantil na oitava região, aos padrinhos cidadãos e voluntários do programa.

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