Nesta sexta, TRT8 levanta o tema da diversidade em evento sobre empregabilidade LGBTI+
O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região promove, nos dias 19 e 22 de outubro de 2018, o evento “Políticas de Inclusão do Público LGBTI+ no mercado de Trabalho”. Realizado por meio do Programa Trabalho Seguro e da Seção Socioambiental do Tribunal, o evento discute meios de inclusão de pessoas com orientação sexual diversa em um mercado de trabalho em constante transformação e que apresenta barreiras de acessibilidade desse público ao mundo do trabalho formal.
Em dois dias de evento, especialistas de destaque nacional e integrantes de diversas organizações brasileiras e locais vão ajudar a debater essas questões, com a realização de palestras, painéis e worskhops a uma plateia integrada por representantes de empresas de recrutamento e gestores de recursos humanos de organizações que atuam na região metropolitana de Belém.
A palestra de abertura será com o educador, consultor e Secretário Executivo do Fórum de Empresas LGBTI, Reinaldo Bulgarelli, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Além dele, estarão em Belém para ampliar o debate sobre o tema professores, profissionais do Direito, representantes de organismos públicos e entidades privadas e empreendedores sociais que já tem nos seus quadros funcionais colaboradores transgênero.
Gratuito e aberto ao público, o evento pioneiro dentro da estrutura do judiciário trabalhista e é uma grande oportunidade para que diretores de RH, donos de empresa e a comunidade em geral discutam o assunto com especialistas de renome internacional, sob a ótica do Direito, da inclusão e dos direitos humanos.
As inscrições para participar do evento já estão abertas e podem ser feitas pela internet. Servidores e Magistrados do TRT8 podem fazer a inscrição pelo endereço eletrônico do MentoRH e o público externo deve acessar https://goo.gl/6VZ8QH para efetuar a inscrição.
O evento ocorre na semana em que acontece a 17ª Parada do Orgulho LGBTI de Belém, que este ano tem como tema “Resistir para Existir: Contra a LGBTIfobia. Parem de nos matar!”, uma forma de denunciar o preconceito e a violência a que estão sujeitos lésbicas, gays, bissexuais e intersexuais.
O Mundo do Trabalho e os LGBTI+
De acordo com as estatísticas, o Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis e possui maior nível de preconceito e ausência de políticas de inclusão desta população no mercado de trabalho. Os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), revelam que apenas 10% de pessoas LGBTI+ trabalham com registro em carteira hoje no Brasil.
Mas, já existem no Brasil empresas que venceram o preconceito e inseriram essas pessoas no emprego formal, descobrindo os ganhos da diversidade como um valor nas suas organizações. “São empresas como as 57 signatárias da Carta de Adesão ao Fórum e aos seus 10 Compromissos da Empresa com os Direitos LGBTI, e outras como a GOL S.A, que abraça a individualidade de cada colaborador e age desta forma tendo como exemplo, Nicole Alonso, 34 anos, a primeira comissária de bordo trans do Brasil”, diz Jorgete Lemos, Diretora de Diversidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Brasil. Para ela, “são empresas inclusivas que não têm pessoas com comportamento transfóbico em seu processo de captação.”
Segundo Jorgete Lemos, graças a mentalidade de empresas como essas, as pessoas LGBTI+ não estão mais restritas a áreas como estética ou telemarketing. “Empreendimentos como o Transemprego, que em 4 anos cresceu 300% sua clientela, saindo de 12 empresas que se interessavam em contratar LGBTI+ em 2014, para 46 em 2018, impulsionam essas oportunidades como fonte de recrutamento desse público.”
No setor público há dificuldade em obter informações sobre o mercado de trabalho do público trans. Aqui em Belém, segundo informações da representante da Comissão de políticas Públicas LGBTI do Ministério dos Direitos Humanos, Bruna Lorrane, há pelo menos cinco servidores públicos transgênero atuando na prefeitura de Belém. “No setor público não há como acompanhar, pois os funcionários são admitidos por concurso e não há identificação da identidade e orientação sexual.”, declara Jorgete Lemos.
Para Lorrane, as políticas precisam ser de Estado e não de governo, para que tenham continuidade.”É preciso vontade política, mas também é necessário previsão orçamentária para criação e manutenção dessas políticas”, frisou Bruna.
Porém, no setor privado, os resultados são animadores. Empresas como a Atento, que tem 70 mil empregados no Brasil, emprega 1.100 transgêneros, usando nome social.
Em âmbito mundial, a Fundação Human Rights Campaign (HCR) lançou o programa de igualdade no ambiente de trabalho por meio do Índice de Igualdade Corporativa (Corporate Equality Index), a fim de avaliar as melhores companhias com políticas contra a discriminação e assédio em funcionários gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. O índice classificou cerca de 4.500 empresas e organizações americanas de acordo com suas políticas, benefícios e melhores práticas para LGBTs. Das mais de 300 companhias avaliadas em 100% neste ano, 72 se destacaram como os melhores ambientes de trabalho para empregados transexuais.
Veja a lista das 17 empresas com as melhores iniciativas e políticas contra a discriminação de profissionais LGBTI+: Accenture , Apple , AT&T , Cisco Systems, Dell, eBay, Facebook , Google , Groupon, HP , IBM , Microsoft, Oracle, Qualcomm, Salesforce, Sony , Yahoo.
Programação:
1º dia - 19/10 (Sexta)
A palestra de abertura será com o educador, consultor e Secretário Executivo do Fórum de Empresas LGBTI, Reinaldo Bulgarelli, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Reinaldo Bulgarelli trabalha desde 1978 com temas voltados aos direitos humanos, desenvolvimento sustentável, valorização da diversidade, investimento social, voluntariado e responsabilidade social empresarial. Foi um dos fundadores do Movimento Nacional de Meninas e Meninos de Rua, organização que contribuiu na garantia dos direitos da criança e do adolescente na Constituição de 1988 e na elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Foi também Oficial do Unicef para a Amazônia e Diretor da Fundação Bank Boston, onde idealizou o projeto Geração XXI, precursor da implantação do sistema de cotas nas universidades e empresas brasileiras. Atualmente, Bulgarelli é consultor no tema Diversidade das maiores organizações empresariais transnacionais que atuam no Brasil.
Na palestra "A diversidade como um valor e instrumento de desenvolvimento da sociedade", Reinaldo Bulgarelli falará sobre o trabalho desenvolvido pelo Fórum de Empresas LGBTI (http://www.forumempresaslgbt.com/), integrado por organizações empresariais de grande porte, como BASF, Coca Cola, PWC, Microsoft, Monsanto e Carrefour, e como o mundo empresarial vem se organizando no sentido de destacar a diversidade como importante e fundamental ferramenta de desenvolvimento organizacional.
Neste dia haverá o primeiro painel "Política de Inclusão e direitos humanos" com a participação dos paraenses Bruna Lorrane e Heitor Sebastian. Bruna Lorrane abordará sua experiência com as políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas no Estado do Pará, pioneiro no tratamento do tema. Heitor Sebastian compartilhará a sua experiência no empreendedorismo e empregabilidade do público trans no espaço de resistência criado por ele aqui em Belém chamado Espaço Art Ato que conta com a presença de gays, negros e mulheres em sua equipe de colaboradores.
À tarde, a programação foi reservada para a realização de um workshop com representantes de Recursos Humanos das empresas locais. Reinaldo Bulgarelli, acompanhado da consultora nacional da ABRH para a diversidade, Jorgete Lemos, irão falar sobre a importância dos programas de inclusão, compartilhando cases de sucesso e dando orientações sobre as políticas de inclusão nas empresas.
2º Dia – 22/10 (Segunda)
O segundo dia de evento começa com a palestra "Cidadania Sexual: Estratégia para ações inclusivas", de Adilson José Moreira, mestre e doutor em Direito pela Universidade de Harvard, autor do livro lançado com o mesmo nome de sua palestra. O professor fará uma reflexão sobre o potencial emancipatório do direito. Ao sistematizar a noção de cidadania sexual presente na jurisprudência das nossas cortes, sua palestra dialoga com o seu tempo ao propor uma teoria de interpretação da igualdade fundamentada na noção de cidadania sexual como um princípio estruturante da nossa ordem jurídica. Esse conceito legitima medidas de inclusão de minorias sexuais, assunto frequentemente ausente de livros sobre teoria constitucional, tópico também distante da possibilidade de entendimento do cidadão comum.
Em seguida, o presidente do TRT da 20ª Região, desembargador Thenisson Santana Dória e a presidente do TRT da 8ª Região, desembargadora Suzy Koury, participarão do painel sobre como o tema da diversidade vem sendo tratado nos tribunais e a importância de diálogo acerca do tema para a melhor prestação jurisdicional à população em geral.
Serviço: Empregabilidade Trans – Políticas de Inclusão do Público LGBTI+ no mercado de trabalho
Data: 19 e 22 de outubro de 2018
Hora: 8h
Local: Auditório do TRT8 (Trav. Dom Pedro I, nº 746)
Inscrições:
Servidores e magistrados: MentoRH
Público externo: https://goo.gl/6VZ8QH
Clique aqui e assista ao convite do Reinaldo Bulgarelli.