Enredo sobre trabalho infantil empolga público no desfile da Matinha na Aldeia Amazônia
“A Matinha vem cantar, entrar na roda, vamos cirandar, vamos brincar, a coruja encantada vai revelar que a criançada tem direito de sonhar ...”. Com esse refrão, que todos na avenida reproduziam, a Escola de Samba da Matinha, do bairro de Fátima, empolgou o público nas arquibancadas da Aldeia Amazônica já no início da manhã de domingo, 24.
Neste ano, a escola apresentou o trabalho infantil como tema do desfile, escolhido por meio de uma parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8). Com o enredo “No Ninho da Coruja, a Criança e o Adolescente têm o Direito de Sonhar”, a agremiação levou cerca de 1.500 brincantes para a avenida.
A realidade do trabalho infantil no Pará e no Brasil foi retratada de uma forma lúdica nas 15 alas da escola e nos carros alegóricos. Do navio negreiro, retratando o período da escravidão, ao trabalho de crianças e adolescentes em sinais de trânsito nas ruas das cidades, nos dias atuais. O primeiro casal de mestre-sala e porta bandeira deu um show na coreografia e mostrou samba no pé.
A comissão de frente apresentou um show de malabarismo, deixando o público presente sem fôlego, com crianças em uma coreografia bem ensaiada.
A Fundação Papa João XXIII (FUNPAPA), órgão assistencial da Prefeitura de Belém, que no dia a dia trata do combate ao trabalho infantil, contou com uma ala especial na agremiação. Mais de 50 instituições parceiras contribuíram com o desfile e estavam representadas nas 15 alas da Matinha como a Escola Salesiana do Trabalho, a Universidade da Amazônia (UNAMA), a Federação do Comércio, o SEBRAE, o Sindicato dos Árbitros do Pará, entre outros.
Os três principais clubes de futebol de Belém também brilharam na avenida. Unidos na luta contra o trabalho infantil e pela paz nos estádios, Remo, Tuna e Paysandu desfilaram na Ala “Bolas a Rolar”, que trazia em destaque os mascotes dos clubes e fez uma homenagem aos 10 jovens do Flamengo que tiveram os seus sonhos interrompidos no incêndio ocorrido no Ninho do Urubu. Na frente da ala, dez jovens vestindo ombreiras vermelhas participaram sem cantar e sem evoluir.
A desembargadora do Trabalho, Zuíla Dutra, gestora nacional e coordenadora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo àAprendizagem da Justiça do Trabalho, foi destaque no carro “Monstro do Trabalho Infantil”. “Esse carro representa o monstro do Trabalho Infantil que só é vencido pela educação”, explicou. Sua esperança é que “a alegria contagiante que nos invade continue nos impulsionando para novos desafios em prol das crianças e adolescentes, que têm o sagrado direito de brincar e estudar para que desenvolvam as suas potencialidades e garantam uma vida adulta digna”.
Autora do samba enredo da escola, a juíza do trabalho,Vanilza Malcher, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, foi carinhosamente batizada de madrinha da Escola e estava fantasiada de “Rainha do Ninho da Coruja Encantada”. Além da Dra. Vanilza, escreveram o samba os compositores Kabeça do Táxi e Odmar do Banjo. Para Vanilza Malcher, "o sentimento que fica, após o desfile, é de missão cumprida, na certeza de que foi plantada, no bairro de Fátima e no coração de todos que assistiram ao desfile, na Aldeia ou pela televisão, a semente da conscientização acerca de que o trabalho infantil é um mal para toda a sociedade que precisa ser enfrentado e vencido por meio da união de todos e do estímulo à educação".
Juízes que têm envolvimento com causas sociais foram destaque na avenida. A juíza do trabalho, Roberta Santos, desfilou no chão como destaque na Ala “A Deusa Kori”, que retratou a deusa cultuada na África que se tornou protetora de crianças e adolescentes. A Ala representou todas as pessoas que se dedicam à defesa e proteção da infância. “Foi importantíssimo não só o apoio institucional do TRT aos movimentos de combate ao trabalho infantil, mas também a aproximação dos juízes com a comunidade. Me sinto muito feliz com o convite e de colaborar com a Escola”.
Também desfilaram na Escola o Desembargador Luis Ribeiro, as juízas do Trabalho Edilene Franco e Ângela Maués, o juiz de Direito Cláudio Rendeiro, cujo personagem de humor Epaminondas Gustavo, foi destaque na Ala "Sorrisos a Brilhar", além de muitos servidores da Justiça do Trabalho e padrinhos cidadãos do projeto realizado pelo TRT8 de combate ao trabalho infantil.
A escola levou, ainda, para a avenida, a parte da pureza infantil, com brincadeiras, bonecas de pano e personagens infantis. Fechando o desfile, uma grande coruja surgiu no último carro alegórico da escola. O destaque foi um voluntário caracterizado de Paulo Freire, educador brasileiro reconhecido internacionalmente que desenvolveu um método de alfabetização de adultos, simbolizando que a educação é a principal forma de combate ao trabalho infantil. “Um turbilhão de sentimentos nos envolve e faz do nosso desfile esse mar de felicidade”, disse emocionado o presidente da Matinha, Rodolfo Trindade.
Texto com informações da Prefeitura de Belém.
Vejas as fotos do desfile aqui.