Nobel da Paz recebe kit da Campanha do TRT8 no Círio 2019

Desembargadora Zuíla Dutra fez a entrega para o ativista que ajudou a resgatar 90 mil pessoas, entre elas crianças e adolescentes, do trabalho escravo na Índia.
Foto: Desembargadora Zuíla Dutra ao lado de Kailash Satyarthi e ministro Lelio Bentes
— Foto: ASCOM8

A desembargadora Zuíla Dutra, coordenadora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do TRT8, entregou o Kit da Campanha Círio 2019 do TRT8 para o indiano Kailash Satyarthi, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2014. A entrega ocorreu antes da abertura do 5º Seminário Internacional do Trabalho Seguro, realizado pelo TST em Brasília, nos dias 16, 17 e 18 deste mês, cuja conferência magna foi feita por Kailash com o tema: "Da violência à cultura da paz nos ambientes de trabalho".

Legislação brasileira é inspiração

Na conferência, Kailash Satyarthi disse que a sociedade civil e o Judiciário do Brasil estão na vanguarda do mundo na criação de meios legais e políticos para acabar com o trabalho escravo. E afirmou que se sente inspirado pela legislação brasileira de combate ao trabalho infantil. "Suas leis contra o trabalho infantil vão além da existente em outros países, e isso me dá fé e confiança", afirmou. O indiano também destacou o papel do Judiciário como garantidor de direitos fundamentais. "Os juízes são os guardiões da lei, responsáveis por defender pessoas cujos direitos fundamentais foram violados".

Ao contar sua história, Kailash lembrou que na Índia o Judiciário foi essencial para resgatar 90 mil pessoas do trabalho escravo. "Escrevemos uma carta à Suprema Corte de Nova Déli para relatar situações que ocorriam a apenas 40km da cidade. Milhares de crianças, mulheres e adultos estavam sendo escravizados em minas. O tribunal nos levou a sério e aprovou uma diretiva que considera essa carta como litígio de interesse público", narrou. O julgamento histórico definiu, pela primeira vez, o que era escravidão e trabalho forçado.

Violência

Segundo o ativista, o local de trabalho é um dos espaços onde se juntam as três categorias de violência (física, cultural e estrutural). "Sabemos que 93% dos trabalhadores nos países em desenvolvimento estão no setor informal, e duvido que qualquer uma das convenções da OIT sejam apropriadamente executadas", observou. "Também há 152 milhões de crianças exploradas, vítimas de violência, e 780 milhões de trabalhadores no mundo não conseguem ter dinheiro para sair da pobreza e da miséria aguda, pois recebem menos de dois dólares por dia. São todos vítimas de violência, de uma ou outra forma".

Cultura de Paz

Kailash Satyarthi encerrou a conferência destacando três valores fundamentais para uma cultura de paz no trabalho: a segurança em seu aspecto jurídico, garantida pelo poder público; a dignidade, que deve estar presente em todas as relações interpessoais; e um "ambiente sem medo". Para ele, essa cultura, se for promovida dentro e fora do trabalho, pode gerar um efeito cascata. "A compaixão é o sentimento do sofrimento do outro como sofrimento próprio, acompanhado do forte desejo de resolver esse sofrimento. Isso dá coragem e poder para resolver o problema. Seja um agente de mudanças e de resolução de problemas, seja um líder. Crie a cultura de paz criando a cultura da compaixão", concluiu.

Combate ao Trabalho Infantil na Oitava Região

Para a desembargadora Zuíla Dutra, que por meio da Comissão desenvolve ações, projetos e atividades em prol de crianças e adolescentes. "Suas palavras de estímulo à nossa luta se resumem na "compaixão". Para ele, a "compaixão" é a postura a ser adotada por quem deseja um mundo novo para todas as crianças e adolescentes. Sem dúvida, este foi um encontro renovador de energias, estimulante e inesquecível".

A desembargadora também acompanhou a inauguração no prédio do TST do Painel Evolução Cidadã, obra do artista plástico Toninho Euzebio, que representa os valores do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem. A obra mostra cinco momentos da evolução de uma criança, que chega à juventude vivendo com dignidade, alegria, respeito e tendo seu direito à infância preservado. Os cuidados que ela precisa receber da sociedade, do estado e de seus respectivos órgãos competentes estão representados por figuras profissionais. A trajetória começa no engatinhar, passa pelos primeiros passos, pelas brincadeiras, atravessa a fase escolar e termina com uma porta de entrada para o trabalho de jovem aprendiz. Cada momento está associado a uma região do país, significando a abrangência dessa possibilidade de desenvolvimento no Brasil.

Serviço:

O painel pode ser apreciado nas visitas guiadas promovidas pelo TST em Brasília. As visitas são gratuitas e podem ser agendadas pelo e-mail tstportasabertas@tst.jus.br
(Com informações do TST)