Escola Judicial do TRT8 promove roda de conversa sobre Racismo Estrutural
Nesta sexta-feira, 09 de julho, será realizada a Roda de Conversa sobre "Racismo Estrutural e o Pacto Narcisístico da braquitude: preposições para o enfrentamento". A iniciativa é da Escola Judicial do TRT8, e integra as atividades do projeto Grupos de Estudo, e será coordenada pelo Grupo 8, sendo realizada pela plataforma google meets, no horário de 9h às 11h, voltado exclusivamente para os magistrados do TRT8.
Uma das palestrantes, a historiadora e professora doutora da UFRJ, Giovana Xavier, afirma que uma das principais formas deste enfrentamento é o investimento no diálogo, na comunicação, a busca do equilíbrio entre o lugar de fala e também lugar de escuta. "Poder dialogar com pessoas que estão ocupando um lugar de poder estratégico na sociedade brasileira, como é o poder Judiciário, é super importante em termos não só de enfrentamento, mas de construção de alternativas de políticas e ações que sejam pensadas e apresentadas por pessoas negras, que integram o grupo que sofre diretamente as desvantagens do racismo estrutural em termos econômicos, de saúde, moradia, de empregabilidade", pontua.
Giovana Xavier conta que durante a roda de conversa irá trazer reflexões que vêm desenvolvendo como professora, cidadã e escritora. "Pretendo trazer um pouco da perspectiva do pensamento de mulheres negras como uma via alternativa de enfrentamento, como um projeto político de democracia radical que aponta direções para erradicação do sistema de opressão, fundamentado na desigualdades de gêneros", finaliza
A juíza do Trabalho do TRT4, Gabriela Lacerda, que também coordena o Comitê de Equidade de Gêneros, Raça e Diversidade do Tribunal Regional do Trabalho do RS, participa como facilitadora na roda de conversa da Ejud8. Ela parabeniza a iniciativa da Escola Judicial do TRT8 por debater um tema tão importante e atual, que é o racismo estrutural.
Gabriela Lacerda irá apresentar na Roda de Conversa o seu trabalho de mestrado em Direitos Humanos, realizado em 2019. "O tema do racismo estrutural é urgente, especialmente para nós do Judiciário. As nossas instituições são compostas predominantemente por pessoas brancas, 81% dos juízes são brancos. Vou falar sobre os impactos que isso tem na instituição e também a forma que a gente presta a jurisdição. A minha pesquisa de mestrado pensa justamente de onde fala o juiz, tenta entender pensando nos marcadores de gêneros, raça e classe, qual perfil da magistratura e as pessoas que aplicam as leis no Brasil", explica a juíza do Trabalho.
Roda – Na última sexta-feira, 02, foi realizado a primeira Roda de Conversa, cujo tema foi "A Justiça do Trabalho e o Papel do Sistema de Justiça para a Equidade de Gênero", e teve como convidadas: Luanna Thomaz advogada, professora doutora do PPGD em Direito da UFPA, e Patrícia Maeda, juíza do Trabalho do TRT 15, Doutora em Direito pela USP-SP.
Durante o evento, as facilitadoras apresentaram reflexões a respeito da divisão do trabalho entre homens e mulheres, destacando a necessidade de reconhecermos essas desigualdades e percebemos que as classes têm papéis diferentes. Foi destacado a luta para mudar esse cenário e a reflexão sobre a importância de políticas públicas para desenvolver ações para o enfrentamento às desigualdades.
A coordenadora do grupo de Estudos número 08, juíza do Trabalho Elinay Ferreira, durante o evento ressaltou a importância do tema. "A nossa roda de conversa trouxe a proposta da equidade de gênero, com uma formação continuada dos juízes do Trabalho. Foi pensando nisso que trouxemos pessoas qualificadas para falar sobre o papel da Justiça em relação à questão de gênero".
A presidente da Comissão Permanente de Gestão Socioambiental do TRT8, juíza do Trabalho Roberta Santos, informou que o Tribunal desenvolve ações informativas sobre a equidade de gêneros. "A divisão sexual do trabalho é algo que nós já tratamos no Comitê de promoção à participação feminina, promovemos uma série de lives explicando essa conceituação, as questões que afetam nosso trabalho, e como a divisão do trabalho afeta as mulheres, inclusive no sistema de Justiça. Penso que é um desafio tentar mexer nesses pilares da divisão do trabalho e, como primeiro passo, precisamos evidenciar essa diferenciação; deixar claro para a sociedade que hoje estamos atentas a essa questão é um passo importante na busca da equidade entre os gêneros, por ser um conceito que vai além da dicotomia entre homens e mulheres".
Confira as fotos da primeira Roda de Conversa aqui.