Mario Sergio Cortella falou sobre desafios e superações aos magistrados e servidores do TRT8
A palestra fez parte da programação organizada pela EJUD8
"É preciso ter esperança, mas do verbo esperançar!" Foi assim, conduzindo os presentes por um passeio pelos ensinamentos de grandes mestres, como Paulo Freire, de quem foi amigo, que o professor e filósofo Mário Sergio Cortella ministrou a palestra intitulada "Cenários turbulentos, mudanças velozes: negação, proteção ou superação" promovida pela Escola Judicial do TRT8 para magistrados, servidores e estagiários do Regional, na manhã desta sexta-feira, 26.
Durante sua explanação, relatou parte de sua memória afetiva com o pai, Antonio Cortella e trouxe momentos emblemáticos de sua infância. "Lembro que meu pai tinha um jipe. E meu pai sempre dizia quando chegava em casa: Sou mesmo muito abençoado. O jipe quebrou, e não choveu. Faltou gasolina, mas estava a dois quilômetros de um posto. Ele não era ingênuo, não via somente as coisas positivas, sem ver o problema, ele via o problema e procurava olhar além dele. São cenários turbulentos e mudanças velozes", explica.
Falando sobre as dificuldades, Cortella citou o escritor Guimarães Rosa e afirmou que "a vida é um Grande Sertão e tem veredas. O que a vida quer da gente? Coragem, que é a capacidade para enfrentar os medos. Se estamos com medo, estamos em estado de alerta", observou, fazendo a uma indagação ao público que o acompanhava no formato telepresencial pela plataforma google meeting e pela transmissão no streaming: "Nós devemos nos perguntas diante das dificuldades. O que é que eu posso fazer? E querer fazer, ajudar".
O livro "Faz escuro, mas eu canto: porque a manhã vai chegar", do escritor Thiago de Mello, foi um dos primeiros livros que Mario Sergio Cortella ganhou do pai, aos 12 anos de idade. "Não é que a gente comemore, se alegre, a gente levando em conta que o escuro existe, que ele está entre nós, mas a gente canta. E, como diz aquela música 'Volta por cima', gravada por Noite Ilustrada, reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
Sócrates, Manuel de Barros, Millôr Fernandes, Clarisse Lispector, Heráclito, Paulo Vanzolini, foram alguns dos pensadores e escritores referenciados durante a palestra de Cortella, que levou os presentes a pensarem sobre formação do ser humano, resultados, mudanças. "Eu aprecio uma perspectiva trazido por Clarice Lispector, nascida na Ucrânia, quando ela diz 'nunca pus meus pés na Ucrânia, pois vim de lá ainda bebê'. E ela também colocou: 'aquilo que desconheço é a minha melhor parte'. E traduzo, o melhor de mim é aquilo que ainda não sei, pois me renovo, me reinvento e me alegro...", reflete.
Mario Cortella ressalta que, para responder a pergunta, "o que é que eu posso fazer? É preciso que me prepare, com necessidade do protagonismo, força de empreender e atitude de alguém que procura. Gente nasce não pronta e vai se fazendo. Em 2021 eu sou um novo Cortella. O presente do passado está na memória; o presente do dia a dia está na percepção imediata e o presente do futuro está nas expectativas e esperança", destacou.
O palestrante parabenizou a escola judicial por trazer para os magistrados coerência, ética e elevar temas nos cenários turbulentos que vivemos. "Uma escola judicial é uma atividade da gestão pública, aquela que temos que dizer viva, viva de alegria e situa naquilo que se faz". Ele também fez referências às perdas durante a pandemia do Covid19. "As pessoas que nós perdemos nesses 21 meses, deixam uma obra para cada um. As pessoas que levamos para dentro de nós, são pessoas importantes e que deixaram sua obra."
O diretor da EJUD8, desembargador Walter Paro, agradeceu a manhã de aprendizado e reflexões com o escritor Mario Sergio Cortella e afirmou que "a atividade de uma escola só se justifica quando ela é viva. Uma escola de todos para todos. Muito obrigado por trazer essa vida para todos nós. Foram 60 minutos, tempo de crescimento, reformulação, revisão interna. Praticar o que ensina, requer coragem para fazer o que se pode fazer", finalizou
A juíza titular da Vara do Trabalho de Santa Izabel do Pará, Renata Platon Anjos, agradeceu este momento de aprendizado. "Professor Cortella é sensacional! Que palavras de alento! Parabéns". A titular da Vara do Trabalho de Capanema, juíza Natasha Schneider afirmou "excelente palestra! Muito grata ao professor Cortella e a EJUD8". A vice diretora da EJUD8, juíza Maria de Nazaré Medeiros Rocha, encerrou o evento agradecendo ao escritor Mario Cortella. "Muito obrigada pelas palavras de esperança, reflexão, coragem e resistência. Uma palavra que nos acolhe para enfrentar os desafios da vida", finaliza.