TRT8 realiza live sobre Meio Ambiente saudável
Dando seguimento à 2ª Semana da Responsabilidade Socioambiental do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, foi realizada a live “Meio Ambiente saudável e humanizado - Impactos para a saúde do trabalhador”, nesta quarta-feira (10), às 14:30. Participaram do debate a psicóloga Úrsula Gomes, do TRT8, e Bruno Farah, psicólogo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O evento foi realizado pela Comissão Permanente de Gestão Ambiental do TRT8.
Segundo a psicóloga deste Tribunal, os objetivos da live são “discutir uma nova perspectiva sobre o meio ambiente de trabalho, tema muito importante, principalmente neste momento de pandemia, dando mais atenção ao sofrimento psíquico, agravado pelo isolamento social”. Ela expôs as dificuldades das relações interpessoais no teletrabalho, e como fazer uma ponte de cuidado e empatia entre os trabalhadores do Tribunal.
Por sua vez, Bruno Farah agradeceu ao convite e ratificou a complexidade do momento do distanciamento social durante a pandemia, complementando também que há outros motivos de distanciamento, como a depressão e as demais doenças psíquicas, sobretudo na estrutura laboral. Sobre a humanização do trabalho, Farah comenta sobre os conceitos da Resolução do Assédio, feita pelo Conselho Nacional de Justiça. Após uma pesquisa realizada em 2015, foi diagnosticado o aumento do adoecimento psíquico dos magistrados. Um dos motivos, segundo seus estudos, é o assédio moral organizacional, que é causado pela alta orientação para resultados. Na prática, a perda da troca e da cooperação em equipe para alcançar objetivos no trabalho, gerando um paradoxo de equipe. Isso gera uma produção de um “muro” que distancia os funcionários - no caso, magistrados - do grupo social da equipe em geral. Outro motivo disso são as “ficções compartilhadas”, ou racionalizações que acabam motivando as segregações.
Em tempos de pandemia e distanciamento social, é imposta aos líderes uma exigência de conhecer seus subordinados e estreitar os laços entre eles, o que, para o expositor, é o reflexo do assédio organizacional e o contrário de humanização, pois os eximem de problemas e fragilidades. Sendo assim, é proposta uma demanda de proximidade que não inclui os líderes, tornando-os algozes de toda a situação. Na pandemia, também, há a tendência de naturalizar situações que eram extraordinárias antes deste momento, como o trabalho fora do horário de expediente e a subnotificação de atestados médicos. Para ele, essas situações são emergentes para o escancaramento do assédio moral e organizacional”. Existe, portanto, a definição de “teleassédio moral”, sobretudo em regimes de home office, causando um estresse extremo e incontrolável.
O grande dilema se mostra, apesar disso, passível de resoluções. A proposta do psicólogo é o diálogo entre as comissões, gerando um diagnóstico compartilhado da organização. No entanto, são expostas algumas problemáticas referentes à essa resolução, como a grande demanda de situações de assédio organizacional, o que, para ele, é a mesma coisa que “assediar uma comissão de assédio”, referindo-se também a outras comissões que porventura sejam criadas. Isso também causa um preconceito a elas, o que as torna ineficientes. Portanto, a real solução do assédio não é uma instituição ou comissão individual, mas sim uma ponte de toda a sociedade. “A grande mensagem da questão do assédio é que, se não conseguirmos investir em valores humanizadores, não é possível estarmos juntos para sempre, como costumamos estar”.
Ao final da palestra, Úrsula Gomes afirmou que “é importantíssimo repensar sobre nossas atitudes e nos colocar no lugar do outro, inclusive o dos líderes”. E perguntou sobre de que forma trazer as relações líder-subordinado em situações do cotidiano. A resposta de Bruno é sobre a ressignificação da persona do líder. Ele cita Freud, quando fala das três profissões impossíveis durante estados de exceção: o educador, o psicanalista e o líder, pois podem mais estar em ‘divãs’ ou situações de superioridade.
A pergunta seguinte motiva a reflexão sobre como um setor com um número tão ínfimo de pessoas pode tomar conta de um número tão grande de pessoas, com relação à questão organizacional no trabalho. Ele afirma que ainda não há resposta para isso, visto que esta situação é global em muitas instituições, e não apenas nos Tribunais.
Por fim, eles comemoraram a possibilidade de um local de discussão amplo como a live que foi realizada pelo TRT8. Para Bruno, "apesar do assédio e das situações impostas pela ocasião, é bom que possamos compartilhar com todo o planeta nossa reflexão sobre as relações de trabalho, como neste caso”.
Vale ressaltar que a Semana da Responsabilidade Socioambiental vai até amanhã, dia 11, com a Oficina de compostagem e horta doméstica, que contará com a presença da ambientalista Samanta Chaar, que ensina uma solução simples para que os resíduos orgânicos se transformem em adubo para a terra.