Exibição do filme “Pureza” causa emoção no TRT-8

O evento integrou a programação da 3ª Semana da Responsabilidade Socioambiental
Foto da exibição do filme "Pureza" no TRT-8
— Foto: ASCOM8

A emoção tomou conta dos espectadores durante a exibição do filme “Pureza” na tarde da última quarta-feira (8), no auditório Aloysio da Costa Chaves, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, em Belém. O longa conta a história real de uma mãe em busca do filho desaparecido e traz à tona a realidade cruel e ainda presente na sociedade brasileira: o trabalho escravo. A programação fez parte da 3ª Semana da Responsabilidade Socioambiental e contou com a participação de magistrados, servidores, estudantes e mulheres participantes do projeto “Judiciário Fraterno”. 

A jovem estudante Deiziane Silva, que é moradora do bairro do Bengui e participa do projeto Judiciário Fraterno, estava ansiosa para assistir o longa. “Acredito que o filme vai ser muito interessante e que vai nos ensinar bastante”, disse ela. 

De acordo com a professora e madrinha do Judiciário Fraterno, Marcia Alves, a vivência contribuiu para expandir o conhecimento dos jovens a respeito dos direitos trabalhistas. “Essa é uma experiência muito importante, porque desta forma eles poderão ter noção do quanto o trabalho análogo à escravidão e o trabalho infantil mutilam as crianças, os adolescentes e os jovens”, pontuou. 

Gravado na cidade de Marabá, no sudeste paraense, a produção cinematográfica contou com a participação de atores paraenses. A trama conta a história real de Pureza Lopes Loyola, interpretada pela atriz Dira Paes, que ao longo de três anos desafiou todos os perigos em busca do filho desaparecido e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo no Brasil.

No evento que promoveu a exibição do filme, a gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, desembargadora Maria Zuíla Lima, relembrou as lutas por liberdade travadas ao longo da história. “Foi a ânsia da liberdade que gerou o movimento da Cabanagem, que eclodiu de janeiro de 1835 e terminou em maio de 1836, contagiando toda a Amazônia por representar um movimento tipicamente social contra a opressão”, recordou.

A desembargadora falou ainda sobre as características do trabalho escravo na modernidade retratadas no filme. “O trabalhador aliciado pelo escravagista não sabe onde se encontra e nem quem é o seu patrão, dorme em barracas de lona e até sob o saco de agrotóxicos ou fertilizantes, bebe da mesma água onde animais tomam banho, pagam por todo material utilizado pelo trabalho e integram o caderno da dívida que só soma e não para de crescer”, lamentou.   

De 1995 a 2022, o Grupo Móvel de Fiscalização, coordenado pelo Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado (Gertraf) resgatou da escravidão contemporânea 58 mil trabalhadores brasileiros. Somente no ano de 2021, foram resgatados  1.937 mil trabalhadores escravizados em 443 ações do Grupo Móvel. 

Segundo a juíza Vanilza de Souza Malcher, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, é fundamental abordar o assunto junto aos jovens como medida educativa em relação aos seus direitos. “Esse tema é de extrema relevância, especialmente nessa semana em que nós estamos às vésperas do Dia Mundial de Combate ao Trabalho  Infantil e o tema do trabalho escravo contemporâneo tem tudo a ver com o trabalho infantil. Como é um tipo de mazela social que existe e que nós precisamos estar atentos, nós trouxemos os meninos e meninas do projeto para estabelecer o debate e refletir o que está acontecendo no nosso estado”, destacou. 

Após a exibição do filme, foi realizada uma roda de conversa com os espectadores. 

Confira aqui as fotos do evento.