Alunos do curso de auxiliar de cozinha aprendem técnicas, saberes gastronômicos e ganham nova oportunidade de vida

Uma turma diferente com diversas realidades e vivências, são 21 histórias que se encontram diariamente no Laboratório de Gastronomia da Universidade da Amazônia. Os alunos integram a primeira turma do projeto Empregabilidade e Diversidade, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, Unama e Fidesa.

A aluna Melissa Lorrany, 24, era moradora de rua e encontrou uma oportunidade de mudar de vida. “Sou ex-moradora de rua e também já me prostitui. Essa oportunidade foi ótima para mim. Agora, eu posso começar a ver o meu futuro, porque eu  sempre achei que não tinha mais jeito, não tinha mais esperança de trabalho nem de nada, minha vida era a rua”, relata.

Hoje, Melissa se emociona com todo o aprendizado e amizade que  vem construindo ao longo do curso. “Foi uma emoção muito grande para mim, uma expectativa de vencer na vida, pois eu não tinha essa esperança de sair da vida de prostituição e criminalidade que eu praticava. Mas, hoje em dia, sinto que faço  parte da sociedade. Aqui construí amizades e quero agradecer ao TRT-8 e Unama por essa iniciativa inovadora, afinal, não é qualquer instituição que faz isso por nós porque o preconceito é muito grande. É muito raro a gente ver um curso desse, principalmente para pessoas trans que são criminalizadas por fazer programa. É muito inovador e agradeço muito a todas as minhas amigas que encontrei aqui”, finaliza.

João Osvaldo Barreto, 56 anos, morador do bairro do Telégrafo, conheceu o projeto a partir de uma entrevista divulgada em um programa de tv. “Eu assisti a entrevista e achei muito interessante a proposta e me vi dentro do contexto do público alvo, e aí mandei minha inscrição e deu tudo certo, estou amando. É uma experiência muito nova e eu queria me recolocar no mercado de trabalho, mas meu currículo não estava muito bom. Agora com o curso vai melhorar", comemora.

O aluno conta que começou do zero e agora tem uma outra perspectiva do preparo  de cada prato. “É como começar do zero de novo e ter outra perspectiva alimentar, passa pela nutrição, passa pelas quantidades, as quantias, as questões dos molhos, dos fungos e dos vegetais. Hoje estamos trabalhando com aves e suínos, que eu também não tinha habilidade nenhuma de trabalhar com suínos".

Para o professor do curso de gastronomia, Rodin Miranda, a turma é muito diversificada de diferentes idades e experiências de vida. “É muito interessante lidar e poder habilitar essas pessoas para entrarem no mercado de trabalho como profissionais qualificados e profissionais competentes para fazer aquilo que se propõe. No nosso curso dividimos, um terço de aula prática e um terço de aula teórica, até porque a cozinha não é só a cozinha de prática. Ela tem toda uma ciência e a gastronomia nos permite isso e explora essa ciência das mais diversas áreas, então nas nossas aulas práticas e teóricas vamos debater sobre cultura alimentar, modos de comer, bioquímica, microbiologia pra tudo isso deixar habilitado o profissional que possa está auxiliando dentro de uma cozinha de maneira competente e habilitada da forma devida", pontua o professor.

Sobre o trabalho com a turma do projeto, ele conta que é desafiador. “É uma turma extremamente diversa, é um desafio, mas é um desafio extremamente saudável e muito legal, porque a gente precisa entregar e deixar com que essas pessoas estejam cada vez mais qualificadas para disputarem no mercado de trabalho e tentar contornar atos discriminatórios que acabam sofrendo por pertencerem a esses grupos", conclui.

Para o senhor Luiz Carlos Simões, morador de Vila dos Cabanos em Barcarena, 55 anos, PCD auditivo conta que soube pela imprensa do curso e agarrou a oportunidade como uma mudança de vida. Ele não mede esforços para participar das aulas, sai de casa às 10h da manhã e só retorna às 21h. “Estou muito feliz aqui, eu já cozinhava para a minha família, mas agora eu aprendi as técnicas de como cozinhar, a questão da higienização do alimento. Eu espero que abra portas, a nossa esperança de cada um é essa. Não dar só oportunidade como encaminhamento para abrir as portas para nós no futuro. Todas as instituições que nos proporcionaram esse curso estão de parabéns, por darem oportunidade para nós, principalmente eu que tenho 55 anos, o aprendizado me estimulou, fiquei mais animado e mais esperançoso de voltar para o mercado de trabalho", finaliza o aluno.

Está previsto para o dia 07 de novembro a cerimônia de formatura do curso de Auxiliar de Cozinha que será realizada no prédio sede do TRT-8.

Confira aqui as fotos da aula prática do curso de Auxiliar de Cozinha. 

#ParaTodosVerem: Foto 01- Fotografia em ambiente fechado que reúne três alunas do curso vestida com Dólmã, no Laboratório de Gastronomia da Unama. 

Foto 2: Aluna do curso de auxiliar de cozinha. Morena, cabelos pretos, usa piercing e o dólmã.