“Judiciário Fraterno” levou ações educativas para 1,3 mil pessoas no Marajó

A programação contou com a presença do ministro do TST, Evandro Valadão, coordenador nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem
Fotografia em ambiente externo que reúne dezenas de pessoas entre homens e mulheres, lado a lado, em frente o Museu do Marajó
#ParaTodosVerem: Fotografia em ambiente externo que reúne dezenas de pessoas entre homens e mulheres, lado a lado, em frente o Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari
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O município marajoara de Cachoeira do Arari, no Pará, foi escolhido para receber a 25ª edição da Semana do Judiciário Fraterno, projeto que engloba diversas ações educativas, criado pelo Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8). As atividades ocorreram de 3 a 7 de junho, batendo recorde de alcance ao promover ações para mais de 1,3 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos.

“Temos ido aos municípios mais distantes. Já estivemos em quatro municípios no Marajó, agora estamos em Cachoeira do Arari, onde, durante a Semana do Judiciário Fraterno, atingimos 1.326 pessoas nas nossas ações. São cursos, palestras, oficinas, rodas de conversa… Tem sido uma semana intensa, de muito trabalho e de aproximação do Poder Judiciário Trabalhista com a sociedade”, comentou a juíza Vanilza Malcher, gestora regional do Programa, durante o último dia de ação em Cachoeira.

Inaugurado em março de 2022, o projeto Judiciário Fraterno promove ações efetivas de combate ao trabalho infantil e de estímulo à aprendizagem de crianças, adolescentes e jovens. Pensado no pós-pandemia, ele representa um renovar de esperanças para esses jovens e suas famílias. “Esse é um trabalho de construção coletiva, com parcerias, voluntariado, magistrados, servidores, apoios locais. Então hoje nós estamos com uma equipe de 15 pessoas em Cachoeira do Arari”, acrescentou a magistrada.

Esta edição do projeto também se destacou por receber a visita do ministro Evandro Valadão, coordenador nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Me surpreendi pela diversidade do Marajó, pela cultura, pela história muito rica, as pessoas muito solícitas, e as crianças, que a gente vê que tem potencial. Elas precisam de oportunidade, de uma boa educação integral, dizer ‘não’ ao trabalho precoce. Eu vi aqui que o Brasil tem futuro, desde que efetivamente a gente cuide das nossas crianças, jovens e adolescentes adequadamente”, comentou o ministro.

O último censo do IBGE, de 2002, registra 1,9 milhão crianças e adolescentes sendo explorados no trabalho infantil no Brasil. Os dados regionais, de 2019, apontam cerca de 118 mil crianças e adolescentes nesta condição no Pará. “É um universo muito grande de pessoas que estão perdendo as suas infâncias e a oportunidade de viver porque estão apenas sobrevivendo. São crianças e adolescentes que estão perdendo a oportunidade de desenvolver suas potencialidades”, comenta a desembargadora Maria Zuíla Lima Dutra, gestora regional no TRT-8 e integrante do Comitê Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem, do TST.

Ela celebrou ainda a presença do ministro Valadão para conhecer as ações do Judiciário Trabalhista no Pará. “Para nós foi motivo de grande alegria a presença do coordenador da Comissão Nacional para ver de perto o Judiciário Fraterno, que foi premiado recentemente pelo Conselho Nacional de Justiça (foi o único projeto da Justiça do Trabalho que foi premiado). Ele está muito impressionado com tudo que vem sendo feito pelo Judiciário Fraterno e o nosso sonho seria que o projeto fosse replicado em todos os tribunais do Trabalho do Brasil. Seria a promoção de uma grande mudança social”, considera a desembargadora. 

Em Cachoeira do Arari, o projeto ocorreu em parceria também com a rede pública de ensino. “Estamos extremamente felizes com essa ação na escola. É importante que os alunos tenham consciência de qual a diferença entre o trabalho infantil e auxiliar os pais em casa”, comentou a professora do 1º ano do Fundamental, Rose Marie Silva, da EMEIF José Afonso Viana. “Acho que a gente tem que buscar conhecer, entender o que cada Poder tem a contribuir para a nossa sociedade”, acrescentou Elizandra dos Santos, mãe de Alana Vitória, 9, sobre a atuação do Judiciário em relação à justiça social, algo que a surpreendeu. 

Entre as oficinas ofertadas, houve recorde de participação em cinema e informática profissionalizante. “São jovens e até pessoas com mais idade que precisam desse material para concorrer a vagas dentro do trabalho decente, com carteira assinada”, pontuou o servidor Alberto Alan Rodrigues, que ministrou as aulas de informática. “Poder trazer a arte como ferramenta é muito importante, através dela a gente pode conversar sobre território e situações que a gente não se abre no cotidiano, como bullying, preconceito, racismo”, comentou Tata Marajó, a mais nova voluntária do Judiciário Fraterno, após as aulas de cinema, que previam 10 vagas e acabaram contando com a participação de 43 jovens.

A Semana também rendeu um encontro emocionante com lideranças de Cachoeira do Arari. Elas puderam apresentar as dificuldades do município quanto à luta contra o trabalho infantil e evasão escolar. Já as magistradas do TRT-8 puderam dar orientações sobre como é possível atuar em parceria e onde denunciar. Também foi feito o convite para que acompanhem online a Semana Nacional da Aprendizagem, marcada para a última semana de agosto. “Este é um evento para aprofundar conhecimento sobre a aprendizagem de jovens. Falamos das possibilidades de acesso a cursos online, como funciona a lei, como fiscalizar. É uma forma de munir as lideranças do município de conhecimento para buscar essas oportunidades para as famílias locais”, comentou a juíza Vanilza Malcher. 

Durante o encontro, a vice-presidente da Associação do Museu do Marajó, Zezé Gama, elogiou a iniciativa do TRT-8. “A Associação Museu do Marajó é aberta para todos os trabalhos sociais que acontecem no município. A gente quer fazer mais, mas é tolhido pela falta de recurso, por isso tem muito a agradecer, foi uma iniciativa muito boa o Judiciário trazer essa ação para cá. Essas são oportunidades que a gente tem que aproveitar. Eu amo meu município e quero que as pessoas saiam daqui falando bem”, declarou.

Confira aqui as fotos do projeto na Ilha do Marajó.