TRT-8 celebra a diversidade e promove a inclusão

Criada em 2005, o Dia do Orgulho Autista é uma data dedicada a celebrar a neurodiversidade
#Paratodosverem: Arte gráfica com fundo azul, centralizado no cabeçalho, o texto: Itinerância TRT-8. A Justiça do Trabalho vai a
Arte gráfica com o seguinte texto: dia do orgulho autista, 18 de junho. No topo da imagem a logo da justiça do trabalho e ao lado esquerdo quebra cabeças nas cores amarelo, azul e vermelho. Ao lado direito uma mulher branca vestindo uma camisa cinza mostrando apenas que ela está sorrindo e ela usa um laço do símbolo do Autismo.
Audiodescrição da imagem: 

O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) celebra o Dia do Orgulho Autista, uma data dedicada a comemorar a neurodiversidade e a promover a inclusão das pessoas no espectro autista. Criado em 2005 pela Aspies for Freedom, um grupo de ativismo, o dia tem como objetivo desafiar os estigmas associados ao Transtorno do espectro autista e incentivar uma visão positiva da condição, destacando as habilidades e as contribuições das pessoas autistas para a sociedade.

Autismo e o ambiente de trabalho 

A Lei 12.764, de 2012, conhecida como Lei Berenice Piana, equiparou a pessoa autista à pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, incluindo a política de cotas da Lei 8.213/91, garantindo sua participação no mercado de trabalho.

A oficiala de Justiça Ivana Soares Feijó Gomes, que tem o transtorno do espectro autista, afirma que, para as pessoas com TEA, fazer certas coisas pode ser mais difícil. “Tem certas coisas que para a gente é muito mais difícil do que para uma pessoa que não tem nada. Por exemplo: reuniões, questões sociais. Nós fazemos um esforço mental muito grande para participar de certas coisas que para outras pessoas é mais fácil”.

Ivana recebeu o diagnóstico após ingressar no Tribunal e descreve o alívio que sentiu ao finalmente entender suas características. “Eu recebi o diagnóstico depois de ter entrado no TRT-8, fui para o interior [designada para atuar pelo TRT-8 naquela região], fiquei sozinha e comecei a passar por diversas dificuldades. Minha psicóloga começou a observar algumas coisas e achou interessante começar a fazer as avaliações com o psicólogo neuro comportamental, depois com o psiquiatra. Recebi o diagnóstico com 28 anos e  foi um alívio, comecei a entender tudo o que eu fazia e não sabia o porquê”.

Conscientização e Inclusão 

Apesar dos avanços na conscientização, muitas barreiras ainda precisam ser superadas. O acesso a diagnósticos precoces, intervenções apropriadas e a criação de ambientes educacionais e de trabalho inclusivos são desafios constantes. Além disso, o combate ao preconceito é uma luta diária para muitas pessoas com TEA.

A inclusão é viável e precisa de adaptações para minimizar as dificuldades naturais do autismo. A oficiala de Justiça também faz parte do Subcomitê de Acessibilidade e Inclusão do TRT-8 e diz que decidiu não tratar o diagnóstico como tabu. “Não vou esconder porque é uma característica de quem eu sou e eu acredito que quanto mais a gente normalizar, mais o preconceito diminui. O preconceito existe, infelizmente, mas hoje a gente acredita e trabalha pela inclusão. O Tribunal, em geral, me acolheu muito bem, tive adaptação no meu trabalho, me foi concedido a condição especial de trabalho. Eu me sinto respeitada como pessoa com deficiência no Tribunal, eles fizeram a adaptação necessária para eu continuar exercendo a minha profissão”.

Para a juíza titular da Vara de Trabalho de Capanema, Camila Nóvoa Cavalcanti, que também é coordenadora do Comitê de Acessibilidade e Inclusão do TRT-8, a inclusão de pessoas no espectro autista deve ser plena, em todas as áreas da vida, incluindo o mercado de trabalho. “Sempre devemos lembrar que o autismo não é uma doença a ser tratada ou curada. O autismo é uma condição neurológica, parte da diversidade humana, que faz com que as pessoas se relacionem com o mundo de forma diferente. Essa data, do Orgulho Autista, foi criada por pessoas dentro do espectro e é importante para que possamos entender que elas têm orgulho de si mesmas, acolhem as suas particularidades e lutam pelos seus direitos".

Ainda de acordo com a magistrada este é um reforço ao movimento “Nada sobre nós, sem nós”. "Importante registrar que dentre os direitos estão a acessibilidade e a inclusão. E essa inclusão deve passar por todas as áreas da vida, seja saúde, educação, lazer, política e também o mercado de trabalho. Pessoas neurodivergentes querem e devem ser inseridas no ambiente de trabalho para que possam ter autonomia e vida plena. Um mundo sem preconceito e que acolhe a diversidade é melhor para toda a sociedade”, completa.